O lazer e a instrução dos seus associados.
O Centro Republicano 5 de Outubro foi fundado em 1 de Julho de 1911 e é a Sociedade Recreativa mais antiga da Mina de S. Domingos.
A sua fundação deve-se a um grupo de homens, empregados da mina, tendo à sua frente o médico António Maurício de Vargas, era uma instituição associativa, com estatutos, direcção eleita, associados e actividade no âmbito do lazer e da instrução dos seus associados, tinha uma ampla sala de festas com palco, sala de jogos e uma biblioteca, destaca-se ainda a esplanada existente em frente da sede onde todos os anos se realizavam os festejos de tradicionais de S. João e de S. Pedro.
A associação cessou actividade nos finais do século XX e, em 2006, a Câmara Municipal de Mértola obteve a propriedade do imóvel e efectuou uma renovação arquitectónica. Até 2010 o espaço do novo Centro Republicano esteve sob a gestão directa da Câmara Municipal. A partir desse ano, a gestão directa do espaço foi entregue à Junta de Freguesia da Corte do Pinto.
Na sala principal do edifício do Centro Republicano é possível ver um conjunto de fotografias de figuras importantes para a instituição, assim como no espaço de entrada um exemplar dactilografado e emoldurado dos Estatutos e normas de funcionamento do espaço associativo. Na sua utilização actual o Centro Republicano 5 de Outubro não apresenta horário regular de abertura ao público.
Artigo sobre o Centro Republicano 5 de Outubro
Noticia
Correspondência
14/07/1912
Mina de S. Domingos
Teve lugar n'esta povoação no dia 13 do corrente a inauguração d'um Centro Republicano.
De Beja vieram assistir á festa os srs. drs. Henrique Silva, João Francisco de Souza e Augusto Oliveira d'Almeida que foram aqui muito bem-recebidos.
A festa constou de cortejo cívico, sessão solene e de um banquete a que assistiram muitos convivas.
Os referidos cidadãos que vieram de Beja falaram por diferentes vezes sendo sempre muito aplaudidos.
Dada a noticia da festa resta-nos lamentar que sendo esta localidades um meio verdadeiramente operário nós vejamos constantemente estarem fundando centros republicanos em que os operários ingenua mente e vão entrando em vez de fundarem, como deviam, uma boa Associação de Classe onde se tratassem de defender os seus interesses e a sua causa que é a questão económica. Dizemos isto sem intuito de magoar quem quer que seja, mas entendemos que o operariado tem já hoje outra missão mais nobre e mais útil a praticar do que estar a contribuir para o levantamento de igrejas a este ou aquele santo da Republica.
Esse tempo já lá vai e as ilusões devem desaparecer perante os factos.
E os factos falam mais alto que nós.
Do Correspondente
Testemunhos
"Grandes bailes se fizeram aqui , o do S. João normalmente era até romper o Sol depois íamos aos filhos lampos ou até ao pocinho da Rubia e só depois é que se ia dormir um pouco." - Domingos Salgueiro Nunes (GAMSD)
"Foi no centro que aprendi a jogar bilhar com os meus dois avôs, Romão e Guerreiro. O meu avô João Guerreiro vendia o Giz para os tacos de bilhar e vendia também chumbos para as "flobers" acho que era assim que se chamavam as espingardas de pressão de ar." - José Romão (GAMSD)
"Eu ia para aí ver televisão, cá fora na esplanada" - Manuel Horta (GAMSD)
"Tantas recordações. Não é saudosismo. Era a colectividade mais democrática da Mina.Isto há dezenas de anos, quando a democracia era difícil. Aí iniciei-me nas leituras dos grandes escritores portugueses: Eça de Queirós, Camilo, Alves Redol, Soeiro Pereira Gomes, Antunes da Silva, Fernando Namora, Ferreira de Castro, Etc. Outra história é saber o nome dos meus conterrâneos que me ajudaram a escolher. Homens esquecidos." - José Martins (GAMSD)
"Tinha onze anos vi ai o campeonato mundial de futebol em 1966..." - Manuel Guerreiro (GAMSD)
"Eu tinha 10 anos vi aí o Benfica ganhar a taça dos campeões europeus contra o Real Madrid" - António Colaço (GAMSD)
"Eu lembro-me dos bons bailes de S. João e aquele cheirinho das verduras que eram espalhadas" - Inácia Guerreiro (GAMSD)
"Até ir para a tropa a minha vida foi aí...! Do Centro Republicano 5 de Outubro tenho centenas de lembranças, aí li os primeiros jornais, aí aprendi a jogar bilhar pingue-pongue, damas, dominó, aí vi televisão pela primeira vez, e o Largo era o centro de todas as nossas brincadeiras, enfim tempos que já não voltam mas que guardo na memória com muito carinho!" - José Martins Santos Chora (GAMSD)
"O Centro como lhe chamávamos era o local aonde se faziam os maiores bailes talvez sem exagerar, no Alentejo. Isto foi- me dito por imensas pessoas (muitas delas não eram da Mina)e por elementos de orquestras musicais que ai actuaram.. Dou como exemplo o enorme saxofonista Mário Rousseau que tocava no tempo na orquestra Pax Júlia. Eram às centenas os pares que se deliciavam ao som das musicas. Pelo S. João a Mina transbordava de alegria. Recordo-me dos capilés bebidos por uma palhinha de lata e que servia para todos. Dos bolos secos dos suspiros. Eu era nesse tempo ainda rapazinho mas as memórias essas sim ficaram e para toda a vida." - Zé Parrinha (GAMSD)
Presidente A.G. - 1934 - António Barão Martins
1º Secretário A.G. - 1934 - José Dias Guita
2º Secretário A.G. - 1934 - José Severino Colaço
Presidente - 1934 - Francisco Soeiro
1º Secretário - 1934 - Manuel Guerreiro
2º Secretário - 1934 - David da Silva Afonso
Tesoureiro - 1934 - José Carrasco Raposo
Vogal - 1934 - Epaminondas José da Palma
Sup. Direcção - 1934 - José da Rosa Sequeira
Sup. Direcção - 1934 - José Revez
Revisor de Contas - 1934 - António Fernandes Correia
Revisor de Contas - 1934 - Joaquim Domingos Cristina
Revisor de Contas - 1934 - António Marques Cavaco
Presidente - 1952 - Joaquim da Cruz Rosa
1º Secretário - 1952 - António Bento Martins
2º Secretário - 1952 - Pedro Joaquim Teixeira
Tesoureiro - 1952 - António Ribeiro de Carvalho
Vogal - 1952 - José da Rosa Sequeira