Comércio

Um roteiro, bem humorado, pelas antigas tabernas da Mina. Muitos ainda se recordarão, certamente.
Tabernas da Mina
Tanta taberna há na Mina
Dá uma por cada esquina
E duas por um alcoólico.
Eu limito-me a contar
Quantos estão a ganhar
Com um barril e seis copos.
Começo no Bairro Alto
Onde vejo o Júlio ao alto
Mais abaixo o José Pedro.
Entre os dois há grande intriga
Vende o Júlio mais bebida
Porque o do Zé é azedo.
Mesmo no alto se espreita
A rua da Violeta
Onde o Amílcar é sozinho.
A vender não teme nada
Como está perto da Tapada
Nunca se lhe acaba o vinho.
Que sítio mais atraente
Ficam-me as hortas na frente
Até parece um jardim!
Voltando as costas pró lado
Vejo o Francisco Caiado
O Cavaco e o Valentim.
Vamos entrar no mercado
Zé Mestre ao canto agachado
Arma as suas ratoeiras
Quando entra algum freguês
Se são dois cobra-lhe três
Até lhe limpa as algibeiras!
Já agora dou a volta
Entrando por outra porta
Vejo o Virgínia ao balcão
O Venâncio e o Abílio
Porque é um guarda em sigilo
Freguês, caixeiro e patrão.
Eis a loja do Fialho
Moço esperto como o alho
O vinho ali é riqueza.
Com dois mordomos ao lado
Um caixeiro desenrascado
A Ti Emília é p’rá limpeza.
Quase que tenho de fugir
Para a ladeira subir
Chegar à do Conceição.
Sua casa é um modelo
Eu só lhe vejo o cabelo
Quando ele está ao balcão.
Paragem!... Faça favor
Aqui mora o Regedor
Pode-se beber à vontade.
Aqui não se bebem sobras
Está o corpo livre de sovas
É casa da Autoridade!
Vamos ao José da Costa
Que ao vinho voltou as costas
Do negócio está esquecido.
Alargou-se no fiado
Está muito atrapalhado
Dos cães que lhe têm mordido.
Aqui, no Largo do Rato
Antiga Casa Cavaco
Hoje Zé das Cantarinhas.
Não deu lucro as castanholas
Mandou vir a Brinhola
Para ter mais rasgo o vinho.
* --- ?--- e a Mão Queimada
Dão-se mais umas passadas
O Paulino é muito humano
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Água no vinho mistura
Por lidar com os ciganos.
Vamos à segunda frente
A casa em que mais se mente
E mais alegria existe.
Quem entra p’ra lá chorando
Por certo que sai cantando
Não quer os fregueses tristes.
Na floresta dos Matos
Os negócios vão lá fracos
Escasseia ali o dinheiro.
Alguém quis já lá morar
Para a casa levantar
Nem chega a ver o padeiro!
Vamos ao João Galego
Um homem que não tem medo
Já cá tem casa montada.
Quando fala com a gente
Diz logo pexialmente
Não me dei bem na Achada!
Se queres ver tudo na linha
Vai à Pensão Cangalhinhas
Se dar nas vistas não queres.
Pois lá tens um bom petisco
Que te serve de marisco
Quantas vezes tu quiseres.
Autor: Heitor, natural da Mina de S. Domingos e falecido há já muitos anos, num acidente de viação.
Era filho do Sr. César – alfaiate (também já falecido)
*O tracejado corresponde a partes do texto já ilegível

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