Notice sur l'origine et la conservation du bois d'une roue très-anciennement employée pour l'épuisement des mines de cuivre de San-Domingos, en Portugal.
Noticia sobre a origem e conservação de uma roda de madeira romana de extração hidráulica utilizada antigamente nas minas de cobre de São Domingos.
A RODA DE SÃO DOMINGOS
"Na segunda metade do século XIX, o renascimento de antigas minas do sudoeste da Península Ibérica estava em pleno andamento. O engenheiro francês Ernest Deligny participou activamente nesta actividade e, nos anos 1850-1860, retomou e colocou operacional a mina de São Domingos (Mértola, Alentejo).
Em 1864, ele ofereceu ao Conservatoire impérial des arts et métiers, em Paris, uma roda que havia sido descoberta em locais antigos de exploração mineira e que se supunha ser da época romana.
Este parecer de datação veio a ser demonstrado com novas descobertas feitas em outras minas comparáveis no mundo romano, principalmente em Espanha (Rio Tinto, Tharsis, etc) ..
É provável que, em 1864, a roda, ou melhor, o que restava (uma área constituída por 15 raios ou fragmentos de raios, seis cubetas e um eixo) foi fixado um painel triangular grande de madeira, e pendurado na parede da igreja de Saint-Martin-des-Champs, dentro do Conservatoire impérial des arts et métiers, em Paris.
Em 1997, com a reorganização do Museu, e a sua transferência para Saint-Denis, realizou-se um estudo multidisciplinar sobre a roda de São Domingos. A roda pertenceria a uma área de exploração mineira, associada à cidade romana de Myrtilis, actual Mértola.
Funcionamento da Roda
Existiam no local usadas para exploração de um depósito de prata e cobre oito rodas, sendo seis de grande diâmetro, dois de menor diâmetro. A roda de São Domingos era constituída por raios dispostos em pares e um anel dividido em baldes equipados com furos de drenagem.
O funcionamento da roda deste tipo é conhecido: a água das profundezas da mina foram colectadas para um depósito acima do qual a roda girava, quando rodava, os baldes eram imersos na água ficando cheios, uma vez atingido o topo do curso da roda, a água vertida em calhas, que a transportava a outro reservatório de um nível superior, e assim por diante até que a água seria retirada da mina.
A roda de S. Domingos é de grande dimensão, a sua estrutura é fechada, o que garante alguns detalhes de restituição. Durante o tempo que permaneceu pendurado na parede do museu, a roda tem gradualmente perdido muitos de seus elementos. Mas o que é surpreendente é que, depois de tantos anos, os restos desta máquina construída inteiramente de madeira, que foi “armazenada” e descoberta numa mina carregada de água e sais metálicos (sulfato de ferro e cobre) por mais de 1700 anos, mas nunca foi objecto de qualquer tratamento e mantém ainda hoje uma boa preservação. No entanto, ressente-se das condições em que foi exposta nos séculos XIX e XX, incluindo os restauros que foram feitos.
A Exploração Mineira na época romana
A Exploração de grandes minas no sudoeste da Península Ibérica na época imperial é um facto comprovado nos inúmeros vestígios arqueológicos, contudo, os métodos utilizados, como estas rodas (Rio Tinto, Tharsis e São Domingos) são importantes testemunhos das técnicas utilizadas na exploração minera pelos romanos. A datação destes exemplares é atribuída ao período final do Império Romano. Contudo a operação de exploração mineira em larga escala terá tido inicio logo no século I AC (Alto Império) e o seu declínio começa no século III DC.
O florescimento destas máquinas é normalmente atribuída aos séculos I-II DC e sua utilização uniforme nas minas do sudoeste de Hispânia é mais um argumento a favor na sua gestão das minas por uma administração imperial."
Texto traduzido e adaptado a partir do original de “La roue de São Domingos” – Claude Domergue , Christian Binet , Jean-Louis Bordes. La Revue n°27 – Juin 1999
http://www.portugalromano.com/site/a-roda-romana-das-minas-de-sao-doming...
Os vestígios do povoado romano foram encontrados entre o Cerro do Hospital e o Cemitério dos Ingleses.
A exploração mineira romana estava localizada a 12 m da superfície, onde a galeria de extração foi aberta, tendo atingido até 32 m de profundidade.