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"Há coisas na vida que não esquecem. Lembro-me algumas vezes do "espectáculo" - para nós - que os mineiros de S. Domingos nos proporcionavam com o início do turno (relevo) das 11 e 30 horas da noite. Como residia no Lado do Hospital, na antiga Rua da Boa Vista, assistia por vezes ao caminhar dos referidos operários, que vinham de todos os lados da povoação até à boca do túnel. O espectáculo era este; todos os mineiros traziam já de casa os respectivos gasómetros acesos, e então apareciam luzes de todo o lado, que se juntavam na tal boca do túnel, o que dava um aspecto bonito de se ver, isto em noites mais escuras."José Damásio da Ribeiro GAMSD 4 de Março de 2022
Fotografia de António Maurício de Vargas. In Ilustração Portuguesa, II.a série, n.o 425, Lisboa, 13 de Abril de 1914, p. 470. Em segundo plano vê-se a central de energia, cujo aumento de força motriz permitiu implantar uma estrutura de reboque mecânico de vagões provenientes do subsolo, através de um cabo sem fim, instalado num plano inclinado, onde se montou uma via férrea para vagões, que através de um mecanismo inovador de báscula, descarregavam o minério num cais elevado à boca da mina, onde por via de uma torva de vários silos se enchiam os vagões de caminho de ferro com destino ao Pomarão ou aos estabelecimentos metalúrgicos da Moitinha e da Achada do Gamo. Entre 1862 e 1914 (52 anos), a inovação na extracção do minério transformou o espaço de trabalho à boca da Mina numa paisagem industrial completamente dominada pela tecnologia.(Jorge Custódio)
