Diogo Martins Gregório

Nome do Pai: 

Gregório Martins

Nome da Mãe: 

Maria Francisca

Data de Nascimento: 
1866-03-14
Local do Registo: 
Pereiro
Distrito / Pais (se for estrangeiro): 
Faro
Concelho: 
Alcoutim
Freguesia: 
Pereiro
Estado Civil: 
Casado
Nome do Cônjuge: 

Perpétua Augusta

Data do Casamento: 
1889-08-18
Local do Casamento: 
Corte do Pinto
Data de Falecimento: 
1907-10-07
Informação Pessoal: 

Biografia

Assento de Nascimento: 
Assento de Casamento: 
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Notas adicionais: 

O CONTRABANDO E AS SUAS HISTÓRIAS
Contrabandista é essa figura humana, que ao imaginar a noite se confunde com ela; é a dúvida de uma existência feita miragem; é a pergunta que permanece: seria um braço ou um galho de árvore, um piar de ave nocturna ou um grito abafado?…

Contrabandista é essa figura enigmática que transporta no olhar a luz da noite, feita dia, a precisão do caminho, o ruído dos passos “amortecidos por algodão – não vá o Carabineiro ou a Guarda ouvir” e que hoje descansa, nos dias frios sentada à borralheira, ou à sombra do Centro Social, nos dias de Verão.

Numa localidade fronteiriça, como os Montes Altos, o contrabando era uma actividade quase que obrigatória.

No entanto, a actividade dividia-se entre os que faziam disto a sua única actividade, tendo como suporte encobrir as suas lojas, e a restante população que fazia do contrabando um biscate para ajudar na economia caseira. Neste caso era maioritáriamente feito por mulheres pois os homens trabalhavam na mina. Confundiam na roupa o café e o açúcar que levavam para Espanha e os objectos de vestuário e calçado que de lá traziam.

Entre os que faziam do contrabando uma actividade comercial permanente tivémos Diogo Martins Gregório que, por ter sido assassinado, merecerá aqui um lugar especial.

Diogo Martins Gregório nasceu no dia 14 de Março de 1866, na freguesia do Pereiro, Concelho de Alcoutim, e faleceu no dia 7 de Outubro de 1907, a um quilómetro de Montes Altos, no Cerro do Toril.

Ao que consta, republicano e maçom, foi assassinado exactamente 3 anos antes da implantação da República, pela qual tinha lutado.
Comerciante e contrabandista, tinha a trabalhar por sua conta, além dos filhos, algumas equipas de homens que chegavam a ser doze. Foi um homem influente e prestigiado na região.
A noite do Assassínio
Numa daquelas noites de Outono, em que o frio e as chuvas aparecem já cortantes, na loja de Diogo Martins Gregório um grupo de guarda-fiscais comia, bebia e confraternizava com os donos da casa (entre os quais se incluía a vítima), como se nada estivesse para acontecer nessa noite. Ao que se sabe este relacionamento era habitual, deduzindo-se que o contrabandista corrompesse a Guarda.
Acabada a confraternização, os guardas foram à sua vida e o contrabandista parte com o seu filho, José Diogo, de 15 anos, montados em duas muares, direcção a Espanha, onde iam levar o contrabando.
À saída do Monte (ao pé do Curral da Água das Porcas), encontrava-se uma patrulha que, ao sentir passar Diogo Martins Gregório e seu filho, dispararam para o ar, obrigando estes a voltar para casa.
Para não complicar as coisas, Diogo Martins Gregório, que era um profissional, deitou fora as cargas de contrabando e dirigiu-se para o Monte por um caminho que não ofereceria mais perigos de encontro com outra patrulha.
Destino ou não, passaram pelo Monte do Zarcos e, quando passavam no Centro do Toril, onde se encontra ainda um moinho de vento, outra patrulha de guarda fiscal encoberta por detrás do moinho, espreita e atira a matar.
Diogo Martins Gregório acabava de levar um tiro no peito, de um Guarda de nome Canário, algarvio, tendo falecido no trajecto entre o local onde foi baleado e o poço da Pia.
Dadas as relações de cumplicidade entre o assassinado e a Guarda Fiscal, apenas poderemos deduzir que se terá tratado de vingança pessoal.
O tiro, seco, na noite, acordou os Montes Altos e ainda mal as pessoas se interrogavam, já José Diogo, de 15 anos, batia à porta da mãe, com estas palavras: “abra a porta mãe, mataram o pai”.
O povo, já levantado, dirigiu-se num todo para o local do crime, encontrando já o corpo no poço da Pia, para onde foi arrastado pelos guardas, ao que se diz, para lhe darem água.
Teoria pouco verosímil, pois se os guardas transportam sempre consigo o cantil, podiam ter fornecido a sua própria água.
Como é lógico um caminho de sangue ficou entre o local do crime e o poço, e, dado o falecido ser comerciante, muitas moedas também ficaram nesse caminho.
Para terminar acrescente-se que no lugar do crime foi erguido um calvário que tem perdurado até aos nossos dias.

Fonte:https://csma.pt/contrabando/