EVOLUÇÃO DA SITUAÇÃO DOS TRABALHADORES DAS MINAS DE SÃO DOMINGOS-1967

Ano: 
1967
Descrição: 

(Evolução do problema dos trabalhadores da Mina de S. Domingos)

conformidade com orientação superior, retoma-se o problema em epigrafe, o qual foi objeto da informação deste Serviço nº 94/67.

Pode desde já adiantar-se que pouco é possível referir quanto a resultados favoráveis à resolução do problema em causa. De facto, da oportunidade que parecia a mais adequada surgidas recentemente o pedido de 520 trabalhadores para as Minas da Panasqueira com salários da ordem dos 60$00 diários, prémios de trabalho, alojamento e pagamento de transportes pela empresa de qualquer ponto do país para o novo local de trabalho não resultou até agora senão a transferência de um trabalhador da Mina de S. Domingos e a possível de um outro que aguarda resposta da empresa

A Divisão Regional de Beja conseguiu ainda colocar um trabalhador em Beja e tem inscrito um outro que pretende empregar-se nessa mesma cidade.

Portanto, apenas dois trabalhadores empregados e possibilidade de outros dois.
Ide notar, no entanto, que a Divisão Regional de Beja tem estado atenta ao problema e que, aquando da oferta das Minas da Panasqueira, quer os colocadores, quer o respetivo Chefe, ae deslocaram durante 3 dias à Mina de S. Domingos, tendo divulgado as condições de trabalho através de conversas com os dirigentes do sindicato dos Mineiros e pela afixação de prospectos em que se pormenorizaram as referidas condições.

No obstante tudo isso, persiste a recusa por parte dos trabalhadores.

Já se referiram na primeira informação deste Serviço razoa psicológicas que obstam à deslocação dos trabalhadores. Pactos, porém, existem que alimentam onse clima de expectativa e de esperança dos trabalhadores na reabilitação da empresa. Cerca de duas semanas antes das referidas diligencias da Divisão Regional de Beja, esteve na Mina de S. Domingos um delegado inglês que fez várias promessas nos trabalhadores. Por outro lado, o ardente desejo dos mesmos trabalhadores em que tale promessas se concretizem leva-os a permanecer na esperança e começa a fazer surgir o rumor de que, uma vez resolvida a situação da empresa, só nela permanecerão aqueles que a não abandonarem. evidente que perante tal clima sentimental dificilmente as medidas positivas que se tomem terão probabilidades de êxito. Neste sentido seria talvez necessário que aquele que alimenta a crença (a empresa) declarasse a sus impotência, embora sendo certo que poderiam resultar más consequências para o representante que a tanto se atrevesse, pois que a destruição das ilusões bem poderia gerar o desapego imediato pelo lugar de nascimento, pela família e até pela própria vida.

Mas enfim, todo este extremo de linguagem mais não pretende do que transmitir da melhor forma a natureza de um problema, tal como ele surge interpretado por quem vai recebendo informações e contactando com a sua evolução.

De qualquer modo, de forma nenhuma tudo o que foi exposto traduz desistência, pois que ficou assente com a Divisão Regional de Beja que as diligencias continuariam e que os respetivos funcionários fariam nova deslocação à Mina de S. Domingos no princípio da próxima semana.
É o pouco que é possível informar e que deste modo se submete à consideração superior.