"Atravessando o rio, e continuando, frente de Mértola, a estrada na direcção leste e na extensão de mais dezasseis quilmetros e meio, chegamos à Mina de Sao Domingos, num terreno arido, amarelento como um deserto, so manchado de longe a longe por algum renque de eucaliptos ou pelos veios da água que lava o minério e deixa no solo, coalhadas, largas toalhas de verdete.
Essencialmente seca, vem de lagos artificiais, onde a represam tão grandes, que neles se pode andar de barco. Estas e outras obras importantes, muitas das quais destinadas aos 1600 operários da Mina como hospi tal, teatro, biblioteca, escolas, campos de jogos têm sido feitas pelos concessionários ingleses, que são, além disso, amáveis para o forasteiro, pois não só permitem a visita a todas as instalações e a descida aos pocos de extracção (a mais de 300 m. de profun didade), como chegam a hospedar os visitan tes de categoria e até autênticas caravanas de engenheiros, estudantes, etc., para o que sustentam uma verdadeira pensão privativa, onde a hospedagem é gratuita. E do mesmo modo facultam gratuitamente a passagem na sua linha férrea particular da Mina a Pomarão (18 quilómetros). cujo trajecto em terreno acidentado paralelo ao vale do Chança, que forma aqui a fronteira com a Espanha, é dos mais pitorescos, pela severidade austera da paisagem. As minas de São Domingos são as mais importantes do País, e delas se extraem anualmente cerca de 200 000 tonela das de minério (pirite cúprica)."
Estradas de Portugal 8 Vol.