António Passaporte nasceu em 1901-02-01, na freguesia da Sé, em Évora. Foi o primeiro filho de Helena Maria Carreta e de José Pedro Braga Passaporte, amador de fotografia, a quem D. Carlos concedeu, em 1903, a distinção de fotógrafo da Casa Real e que, no ano seguinte, abriria um atelier comercial em Évora. A implantação da República levaria, em 1911, a família Passaporte a mudar-se para África, onde José Passaporte prosseguiu a sua atividade, em Benguela e Moçâmedes. Regressaria, todavia, a Évora, em 1917, para montar a Fotografia Paris, a que se sucedeu novo atelier em Lisboa, em 1919. Na sequência do regresso à metrópole, António Passaporte estudaria na Escola Ferreira Borges, em Lisboa, participando em todas as festas em que pode atuar como artista de teatro, ainda que almejasse, sobretudo, ser ator de cinema. Em 1923, sob o nome artístico de Carret Passaport, participa no filme «Estrela de brilhantes», realizado por Augusto Barroso Ramos. Talvez pelo sucesso da crítica - não extensível ao filme - dedicou-se, também, ao estudo da expressão, maquilhagem e mímica. Todavia, a sua baixa estatura acabaria por condicionar os seus sonhos de galã cinéfilo. Desta forma, porque a condição de guarda-livros da Livraria Ferin não se adequava à sua personalidade sonhadora, em 1923 partiria para Madrid em busca de aventura, contando, para o efeito, com o apoio de Reinaldo Ferreira (o Repórter X) e do Embaixador de Espanha em Portugal. Foi, assim, em Madrid que iniciou a sua carreira de fotógrafo, trabalhando nos Laboratórios Cinematográficos Madrid-Films, onde veio a casar com a irmã do patrão, Gregória Ascensión Calleja Blanco, em 1927. Ingressou, depois, na firma francesa Charles Alberty, como vendedor de papéis fotográficos e heliográficos, viajando pela Argentina e por Espanha, que fotografou abundantemente. As imagens de paisagens e monumentos que então obteve seriam adquiridas para propaganda pelo Ministério da Cultura e do Turismo espanhol, dirigido pelo General Primo de Rivera. O sucesso alcançado lançá-lo-ia, assim, na edição de bilhetes-postais ilustrados, que assinou como Loty, designação que resultava da combinação das duas primeiras letras do nome Lopez e das duas últimas do nome Alberty, apelidos do casal para quem trabalhava. Iniciada a Guerra Civil de Espanha, perderia o emprego, ingressando nas Brigadas Internacionais como repórter fotográfico, com a patente de sargento, no 5.º regimento das tropas espanholas, no seio do qual era conhecido por «pequeno moreno». Acompanhou as operações de defesa de Madrid, servindo de repórter fotográfico ao longo da Serra de Guadarrama e na campanha de Brunete, em que se travaram grandes combates. Todavia, por razões de saúde, abandonaria esta atividade, inscrevendo-se na U.G.T., sob a influência do seu irmão Bernardo, que também se instalara em Madrid, para integrar os «Comités de Abastos», montados para recolha e distribuição de víveres. Posteriormente, trabalhou, de novo, como repórter fotográfico, para o boletim «Transmisiones», do Serviço de Transmissões do Exército Popular Espanhol. No verão de 1939, temendo represálias do regime franquista, regressou a Portugal, para fixar residência em Lisboa, onde iniciou, com o apoio de amigos, a sua atividade de fotógrafo, aceitando, sobretudo, encomendas publicitárias. Inicialmente instalado na Rua Padre Sena Freitas, n.º 14, r/c direito, em 1940 transitaria para a Rua do Desterro, n.º 35, 4.º esquerdo, onde iniciou a produção de bilhetes-postais ilustrados, impressos em papel fotográfico a preto e branco. A sua primeira grande encomenda processar-se-ia por ocasião da Exposição do Mundo Português, que não permitiu à família descansar durante dias. Em 1945 mudou-se para a Avenida António Augusto de Aguiar, n.º 4, 1.º direito e em 1946 para a Rua Luciano Cordeiro, n.º 88, onde montou o estúdio que manteve até ao final da vida, não obstante mudar de residência por mais duas vezes. Foi nestas instalações que se dedicou com maior profissionalismo à produção de bilhetes-postais ilustrados, auxiliado por máquinas industriais de impressão e de secagem e por empregados mais qualificados. A extrema exigência com a qualidade final dos bilhetes-postais cedo se traduziriam num afluxo de encomendas, pelo que António Passaporte fotografava habitualmente ao fim de semana, percorrendo todo o país num carro, acompanhado da família. A sua última reportagem completa de uma cidade decorreria na Covilhã, no inverno de 1961. Desde então, limitou-se a fotografar os palácios nacionais, uma vez que a qualidade técnica da sua marca lhe permitira obter autorização para fotografar o seu interior e o exclusivo da venda de bilhetes-postais ilustrados dos mesmos. Com o advento do postal impresso a cores, o processo de produção alterar-se-ia radicalmente. António Passaporte não conseguiria, porém, fazer frente à concorrência, sobretudo a partir de 1965, quando Perpétuo Socorro, editor do Porto, conseguiu que o preço de revenda por unidade baixasse de 1$50 para 1$20 o postal. Recusando-se a acompanhar a descida do preço, afastou-se progressivamente da produção. Morreu em Lisboa, em 1983.
Fotógrafos da Mina-António Passaporte
Ano:
1950
Autor:
António Passaporte
Editor:
António Passaporte
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