CORRESPONDÊNCIA SOCIEDADE GERAL-CUF TRANSPORTE MINÉRIO 1962

Ano: 
1962
Autor: 
CUF
Editor: 
CUF
Descrição: 

Ao Serviço de transportes CUF-Lisboa
Barreiro, 3 de dezembro de 1962
COPIA VISITA MINA DE S. DOMINGOS E BARRA DE VILA REAL S. ANTONIO
Amigos e Senhores,
Conforme é do conhecimento de V.Exas., deslocaram-se os signatários à Mina de S. Domingos onde tiveram ocasião de trocar impressões com o Sr. Eng. Apolónia Correia, Mr. Palmer, Sr. Gregório Rodrigues o Sr. Emílio Costa, agente da Sociedade Geral em Vila Real, sobre o problema do transporte de pirite.
As conclusões a que se chegaram foram as seguintes:
1- A Mina deverá cessar a sua laboração em 1966/68.
2- A produção atual da Mina é de cerca de 10.000 Tons./ma.
3 - Como praticamente não possuem "stoks", só poderão fornecer as 13.000 Tons./mês previstas para Maio, Junho e Julho de 1963, desde que acumulem o excedente da produção de 2.000 Tons. relativas aos primeiros 4 meses do ano de 1963.
4- No Pomarão poder-se carregar cerca de 150 Tons./hora de minério. Não há, pois, limitação neste campo.
5- Atualmente a "Sociedade Geral" está transportando cerca de 11.000 12.000 Tons./mês utilizando os seguintes navios:
“S.Macário"
"Maria Cristina"
"Mira Terra"
e ainda um quarto navio que tanto pode ser da série "C" como o "Africa Ocidental".
6- Não deve ser possível durante os meses de Inverno aumentar
o número de viagens dos navios utilizados, pelas seguintes razões:
a) A navegação no rio Guadiana só se pode fazer de dia;
b) A barra só dá passagem a navios com 14 de calado e, em certas marés, com 16';
e) Durante o Inverno só há uma preia-mar/dia;
d) o Guadiana não é navegável na época das cheias;
e) Deve-se contar com nevoeiros e, portanto, limitações ou mesmo impossibilidade completa de navegar no rio.
7- Apesar da Mina estar procedendo à carga de navios durante a noite, acontece que, nesta época, um navio leva 48 horas entre a sua entrada em Vila Real e a sua saída. Adicionando mais um dia para viagem e outros dois para a descarga e viagem de retorno, obtém-se um ciclo de 4 viagens por mês.
Portanto, estes navios, transportam:

"Africa Ocidental" ou série "C" 4 x 1.200 =4.800/mês
2 Costeiros 4 x 1.100 = 4.400/mês
"S. Macário" 4 x 1.000 = 4.000/mês
Total 13.200/mês
aprox. 13.000 Tons.

8- Uma frota constituída pelos 2 Costeiros e pelo S. Macário, tem obrigação de transportar cerca de 8/9.000 tons./mês, conforme as marés em Vila Real.
9-Nestas condições, durante o mês de Dezembro, mantendo a atual frota de 4 navios neste serviço, pode-se contar com um transporte da ordem das 13.000 Tons.. Para os meses de Janeiro a Abril, devemos contar com três navios que efetuarão as 8.000 tons./mês, mas, durante esta época, é que se verificam as maiores limitações devido às cheias, aos temporais e aos nevoeiros e, portanto, é natural que venha a existir uma diminuição nas quantidades de minério transportadas durante este período.
10- Também não há possibilidade de utilizar navios de maior porte, dado que a barra de Vila Real não dá passagem a navios que calem mais de 14'. Por vezes, quando as marés são favoráveis podem passar navios com 16' como já dissemos anteriormente.
11- A barra de Vila Real já teve 20 de calado quando a dragagem era feita pela draga particular da Mina. Presentemente a dragagem passou a ser feita no regime de um ano pela Espanha e no ano seguinte por Portugal. Em 1962 foi feita parcialmente pelos espanhóis e deverá em 1963 ser feita pelos portugueses, mas há fortes dúvidas sobre a possibilidade dos Serviços Hidráulicos conseguirem uma draga para este trabalho.
Concluímos, pois, que este problema da dragagem tudo indica não estar satisfatoriamente resolvido.
Conclusões
Como a barra de Vila Real só dá passagem aos navios com 14 e excecionalmente com 16', concluímos que a intensificação deste transporte de pirite só deverá ser feita desde que se utilizem navios de características compatíveis com as atuais limitações da barra.
Devem-se utilizar de preferência, navios da série "Costeiro" em vez dos atuais "S. Macário" "Africa Ocidental" que calam 15/16 com a carga completa. Como é evidente, não convém utilizar navios que não possam transportar a carga completa.
Julgamos, apesar de tudo, que é possível fazer o transporte do minério só por meio dos "Costeiros" desde que se utilize mais um navio deste tipo e se intensifique o seu número de viagens.
Para isso é necessário:
1- Estes navios devem entrar sempre diretamente no Barreiro não fiquem a aguardar no Tejo ordem para entrar.
2- Para facilitar os preparativos da descarga, deve o Agente da "Sociedade Geral" em Vila Real telefonar para o Barreiro a dar conhecimento das saídas dos navios e qual a carga que transportam.
3- Dadas as suas características, estes navios "Costeiros" podem sair do Barreiro com qualquer maré e mesmo de noite. Para isso, é necessário que a "S. Geral" interesse os Pilotos nas saídas dos navios nessas condições.
4- Pretende-se com estas medidas que os navios "Costeiros" não demorem mais de 24 horas entre a sua entrada na barra de Lisboa e a respetiva saída.
5- Considerando o anteriormente exposto, passaremos a ter um ciclo de 4 dias para os navios “Costeiros”, portanto, 6 a 7 viagens/mês, ou 7 x 1.100 = 7.700 tons, o que quer dizer que com os 3 "Costeiros" se poderiam fazer 3 x 7 x 550 11.550 tone. ou, para uma utilização de 80%, obtermos cerca de 9.000 tons./mês.
Nestas condições, julgamos que é de propor à "Sociedade Geral" uma reunião, a fim de se acordar nas medidas a tomar pois, como é compreensível, na sua maioria não só lhe dizem respeito como, com certeza, vão obrigar a rever o sistema de funcionamento das suas tripulações, etc..
Sem mais, somos
De V.Sas. Atentamente
C/C-Sr.Eng. Monteiro
Sr.Eng.Serodio
Sr.Eng. Andrade Sousa

Lisboa, 25 de Outubro de 1962.
Zona Produtos Químicos
C.U.F. - BARREIRO
Amigos e Senhores,
Ref. CAPACIDADE DE CARGA DO PORTO DE POMARÃO
Junto enviamos uma nota que nos foi entregue pessoalmente pelo Sar. Major Cross Brown em 19 do corrente, e agradecemos o favor de examinarem junto do Departamento de Manutenção e Expedição, qual será a capacidade máxima de carga do Porto de Pomarão com base nesses elementos.
Aparentemente a capacidade seria de 13 200 T, com os 3 navios afetos este serviço:
S. Macário 1 100
Maria Cristina 550
Mira Terra 550

Com efeito, sendo a rotação de 5 dias, os navios poderiam aparentemente fazer 6 viagens por mês.
Na realidade há que atender a que os navios só podem entrar ou sair nas marés cheias de dia, a que as velocidades dos navios não serão exatamente iguais, e a que nem sempre poderão ser imediatamente descarrega dos no Barreiro.
Interessa fazer uma planificação aproximada da movimentação que permite uma capacidade máxima de transporte, para servir de base à discussão deste assunto com a Sociedade Geral.
Este aspeto da capacidade de transporte tem muito interesse, porque a Mina de S. Domingos pretende fornecer-nos no próximo ano 110 000 T, e nós temos ainda a levantar nos próximos 2 meses cerca de 30 000 T.
A Sociedade Geral terá, portanto, de levantar 140 000 (em 14 meses (10 000 T/ms); mas para prever dois meses de impossibilidade de acesso a Pomarão deveríamos ter assegurada uma capacidade de carga e transporte de 12 000 7 por mês.
0 Sr. Major Cross Brown assegurou-nos que tomou as providências necessárias e que não temos que nos preocupar com o risco de não dragagem do rio. Por outro lado dispôs-se a carregar em horas extraordinárias desde que o avisem com antecedência. Neste ponto insistiu especialmente no interesse de o avisarem com suficiente antecedência dos movimentos dos navios para tomar as disposições necessárias, e temos de ver o que se pode facilitar á Mina neste sentido, o que alias não implica despesa suplementar nossa.
Uma sugestão que foi apresentada pelo Snr. Major Cross Brown foi a de Mira Terra e o Maria Cristina passarem a andar Juntos, o que permitiria a entrada de um quarto barco neste serviço. Agradecemos que examinem igualmente esta hipótese.
Sem mais, somos, com estima e consideração,
De V.Sas.
Atentamente
C/C Serviço de Abastecimentos Dep. Manutenção e Expedição:

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