A povoação de Mesquita em 1959

Ano: 
1959
Editor: 
jornal do Algarve
Descrição: 

A povoação de Mesquita (Mértola) precisa de um cemitério, do calcetamento das principais ruas e não dispõe de água potável em abundância MERTOLA-A vinte e cinco quilómetros desta vila, e a dois do Guadiana, nas proximidades de Pomarão, situa-se a povoação de Mesquita. Habitada por um pove profundamente bairrista, honesto e trabalhador, a povoação conta quase um milhar de habitantes, empregando-se cerca de metade da população válida no serviço de embarque da empresa Mason and Barry, Limited, no Pomarão. Os restantes, vivem ligados à activida de agricola e são tão dignos de consideração e apreço os que todos os dias transpõem o Guadiana para ganharem honradamente seu pão ao serviço da grande empresa mineira, como os que se levantam quando o Sol ainda não desponta no Oriente, para mourejar as suas terras, e em paz regressam ao lar quando as avezinhas se apressam a recolher aos ninhos, so sentirem a aproximação da noite. Havia longos anos que subsistia no espirito dos mesquitenses a ideia da reconstrução de uma pequena capela, em ruinas, nos subúrbios da povoação, no sitio onde, segundo um conhecido arqueólogo, existia uma antiga mesquita que deve ter dado o nome a povoação actual. Durante muito tempo esperou-se por uma verba que lhe chegou a estar destinada, mas a certa altura esta foi retirada, não se sabendo porque. Um dia, porem, a boa gente de Mesquita, como a testemunhar os seus bons hábitos e sentimentos, meteu maos à obra, e, sem qualquer auxilio oficial, mas com a contribuição relativa de todos, esta velha aspiração passou a ser uma realidade. A alva capelinha erguendo-se no topo de oma colina, a dois passos da povoação, constitui motivo de justificado or gulho para os mesquitenses. Porém com esta realização não estacionou a iniciativa local e pensa-se na construção, junto à capela, de um cemitério, o que reputamos de absolutamente justo pois o mais próximo encontra-se a cerca de catorze quilómetros. Mas é evidente que tal empreendimento transpõe o âmbito de um povo de fracos recursos financeiros, por isso se espera que as entidades competentes reconheçam esta necessidade e lhe dediquem um pouco de merecida atenção. Também se espera a conclusão do ramal da estrada n.º 122 ao Pomarão e o calcetamento das principais ruas, de que há imensa necessidade, bem como de água potável em abundância. Quando o progresso entrar neste cantinho de paz e trabalho, poderemos dizer que a Mesquita ocupa o lugar a que tem direito, entre os aglomerados populacionais da sua importância. (Manuel Ildefonso Romba no jornal do Algarve 24/10/1959)