
Pesquisa documental e transcrição João Nunes-CEMSD
LEGAÇÃO de S. M. Católica em Lisboa.
Lisboa, 12 de agosto de 1864
Exmo. Senhor
Exmo. Senhor O súbdito espanhol José Carrasco, arrieiro e morador em Paymogo / Huelva) veio pessoalmente a esta Legação solicitar o meu apoio para obter a restituição de um macho apreendido pela Alfândega de Mértola.
Tendo examinado cuidadosa e imparcialmente os antecedentes deste pedido, não posso deixar de o apoiar, porque, além de considerar injustificado o procedimento da referida Alfândega, há circunstâncias especiais no interessado e no caso vertente, que seriam circunstâncias atenuantes se a apreensão fosse legal, e para as quais quero chamar a atenção do Sr. Ministro das Finanças, confiante em que o induzirão a resolver favoravelmente esta questão.
No dia 2 de julho passado, o arrieiro Carrasco saiu da sua aldeia, conduzindo uma mulher para a mina de "San Juan de los Calderos".
A estrada fixada para quem vem de Espanha e tem de tomar guia na alfândega de Mértola, é a da Corte do Pinto, tão impraticável atualmente, que as carroças que de Serpa e Villanova vão para Mértola, abandonam-na para entrar na de Santo Domingo, embora para eles seja mais distante. O interessado tinha seguido o caminho estabelecido um mês antes, porque transportava mercadorias e não queria ser considerado contrabandista; mas movido pelo desejo de dar conforto à mulher que conduzia na sua última viagem, tomou também o caminho que leva a Mértola, passando pelas minas de São Domingos, com a intenção de obter a guia correspondente. No entanto, antes de chegar a este ponto, foi parado pelos guardas da fiscalização externa, que lhe confiscaram o macho.
A razão invocada por eles para justificar a sua conduta foi que o arrieiro não ia em linha reta para a Alfândega; mas esta é uma exigência difícil, senão impossível de satisfazer, considerando que se o caminho que José Carrasco tomou não é reto, também não o é o da Corte de Pinto, indicado pela Alfândega.
Além disso, julgo saber que não existe nenhuma lei que determine o caminho que deve ser adotado por aqueles que de Espanha se dirigem a Mértola com o fim de obter um guia; mas mesmo que assim não seja, é preciso recordar que quando a Alfândega indicou o caminho para a Corte do Pinto para o fim indicado, não existia o que a ela conduz, passando pelas minas de São Domingos: Esta é tão curta ou mais curta que a outra e está em bom estado, enquanto a outra é intransitável e, no entanto, aquela disposição fiscal, que é vexatória, pois não está legalmente autorizada, não sofreu a alteração que as circunstâncias tornaram aconselhável e indispensável. São estas as únicas razões que me obrigam a interceder em favor da parte interessada que a confiscação de que foi alvo, ou o pagamento do seu valor, acrescido das multas e custas do processo, o privaria de meios de subsistência; que Carrasco tem, como diz, pessoas respeitáveis a responder pela sua honra, e que nem sequer é possível suspeitar que a sua conduta tenha sido motivada pelo desejo de contrabandear, pois não foi encontrado com ele qualquer artigo sujeito ao pagamento de direitos à entrada.
Em vista do exposto, rogo a V. Ex.ª que obtenha do seu digno colega, o Ministro das Finanças, a isenção a favor de José Carrasco do pagamento do valor do macho, das multas e das custas, - e, além disso, que dê as ordens oportunas para que as pessoas que se dirigem de Espanha para a Alfândega deste ponto com o fim de tomar uma guia possam utilizar a estrada que conduz a Mértola por São Domingos.
Aproveito a oportunidade para reiterar a V. Exa. os protestos da minha mais alta e distinta consideração.
O Marquês da Ribeira
Excelentíssimo Senhor
Ministro dos Negócios Estrangeiros de S.M. Fidelíssima
LEGACION de S. M. Católica en Lisboa.
Lisboa 12 de Agosto de 1864
Exmo. Señor
Muy señor mio: El súbdito español José Carrasco, arriero y vecino de Paymogo / Huelva) ha acudido personalmente à la Legación de mi cargo, solicitando mi apoyo á fin de obtener la devolución de un macho decomisado por la Aduana de Mértola.
Examinados atenta é imparcialmente los antecedentes de esta pretensión, no puedo dejar de sostenerla, porque además de creer injustificado el procedimiento de la citada Aduana, en el interesado y en el presente caso concurren circunstancias especiales, que serían atenuantes, si la aprehensión fuese legal y sobre las cuales me permite llamar la atención del Señor Ministro de Hacienda, confiado en que le inducirán á resolver favorablemente esta cuestión.
El día 2 de julio próximo pasado salió de su pueblo el arriero Carrasco, conduciendo una muger con destino á la mina de San Juan de los Calderos.
El camino fijado para los que vienen de España y tienen que sacar guía en la aduana de Mértola, es el de la Corte do Pinto, tan impracticable en la actualidad, que los carros que de Serpa y Villanova se dirigen à Mértola, lo abandonan para entrar en el de Santo Domingo, aunque es para ellos más lejano. El interesado había seguido un mes antes el camino establecido, porque transportaba géneros y no deseaba ser considerado contrabandista; pero llevado del deseo de, proporcionar comodidad a la mujer que conducía en su último viaje, adoptó también el camino que conduce à Mértola, pasando por las minas de Santo Domingos; con el intento de sacar la guía correspondiente. Antes, sin embargo, de llegar á este punto fue detenido per los guardas de la fiscalización externa, que le decomisaron el macho.
El motivo alegado por estos en justificación de su conducta fue que el arriero no se dirigía en línea recta à la Aduana; pero esto es una exigencia difícil, sino imposible de satisfacer atendiendo à que si no es recto el camino que José Carrasco adoptó tampoco lo es el de la Corte de Pinto, señalado por la Aduana.
además tengo entendido que no hay ley alguna que determine el Camino que deben adoptar los que de España vagan à Mértola con objecto de sacar guía; pero aunque así no sea, debe tenerse presente que cuando la aduana señaló el camino de la Corte do Pinto para el objeto indicado, no existia el que conduce a ella, pasando por las minas de Santo Domingo: este es tanto o más corto que aquel y está en bueno estado mientras que el otro está de todo punto intransitable y, sin embargo, aquella disposición fiscal, que es vejatoria, puesto que no está legalmente autorizada, no ha sufrido la alteración que las circunstancias aconsejaban y hacen indispensable. So estas las únicas son razones que me obligan a interceder en favor del interesado: dele también hacer presente à V Exa. que el decomiso, de que me ocupo ó el pago de su valor, recargado con el de las multas y costas del proceso, le privarían de medies de subsistencia; que Carrasco tiene, según dice, personas respetables que respondan de su honra des, y que no es posible sospechar siquiera que su conducta haya tenido por móvil el deseo de hacer contrabando, porque no
se le encontró articulo ninguno sujeto al pago de derechos à su entrada.
En vista de lo expuesto ruego á V. Exa. tenga á bien obtener de su digno colega el Sr. Ministro de Hacienda, la exención en favor de José Carrasco del pago del valor del macho, y de las multas y costas, -y, además que se sirva dar las órdenes oportunas, afín de que sea permitido utilizarse del camino que conduce à Mértola por Santo Domingo à les que se dirijan de España á la Aduana de este punto con objeto de sacar guía.
Aprovecho esta ocasión para reiterar à V.Exa las seguridades de mi más alta y distinguida consideración.
El Marques de la Ribera
Exmo. Señor
Ministro de Negocios Estrangeros de S. M. Fidelíssima