Notas sobre a mina de pirite de cobre de S. Domingos: concelho de Mertola, província do Alentejo

Ano: 
1878
Editor: 
Lallemant frères
Descrição: 

MINA DE S. DOMINGOS
No meio de uma região árida e rochosa, a cerca de 14 quilómetros do rio Guadiana e a cerca de 50 quilómetros do mar, encontra-se em Portugal a mina de pirite de cobre de S.
Domingos, no concelho de Mertola (Myrtilis Julia dos romanos), pertencente ao distrito administrativo do Baixo Alentejo, cuja capital é Beja.
Noções geológicas. O caráter geognóstico desta parte do país é quase idêntico ao da região metalífera da província de Huelva, em Espanha. Aqui, tal como nas proximidades dos depósitos piríticos de Tharsis e Rio-Tinto, bem como em Aljustrel e Grandola, que formam, de certa forma, o prolongamento da mesma zona para oeste, o metamorfismo das rochas xistosas é muito pronunciado. Durante muito tempo, esta parte do país foi classificada como pertencente ao período devoniano e os terrenos em torno da mina como sendo completamente azóicos. No entanto, estudos recentemente realizados por um geólogo português de grande prestígio, o Sr. Nery Delgado, levam à conclusão de que a zona em questão pertence antes ao período siluriano, com vestígios perfeitamente distintos de fósseis orgânicos. Num trabalho muito interessante que o Sr. Delgado apresentou na Academia Real de Ciências de Lisboa, ele desenvolve as razões que o levaram a considerar estes terrenos como sendo de uma formação muito especial e que não apresentam qualquer ligação com as outras regiões geológicas da península. O Sr. Nery Delgado, através do exame das impressões fósseis que encontrou no decorrer das suas pesquisas, e pelos fenómenos geológicos cujos vestígios estudou e comparou minuciosamente, tira conclusões tão engenhosas quanto plausíveis que nos permitem acompanhar, passo a passo e em sua sucessão cronológica, as vicissitudes que esta parte da crosta terrestre sofreu nos períodos mais remotos da história da Terra.
O caráter naturalmente sucinto de uma nota como esta não nos permite, como teríamos feito com verdadeiro prazer, recorrer mais abundantemente às interessantes dissertações geológicas e paleontológicas que constituem o objeto da tese do Sr. Nery Delgado.
Nas salbandas que delimitam o amontoado pirítico, bem como no maciço estéril que outrora o cobria, encontram-se, misturados com xistos argilosos, cujos afloramentos predominam por toda a parte, silicatos, grauwackes e numerosos filões quartzosos que o metamorfismo do subsolo misturou com xistos micáceos ou talcosos, tudo incrustado nos detritos seculares das rochas. Estes últimos, fortemente impregnados de óxidos de ferro hidratado, constituem uma argila de cor avermelhada e dureza desigual que envolve o amontoado pirítico de S. Domingos.
Característica mineralógica. Esta mina não afeta, no meio dos xistos que a envolvem, a forma estratificada de um filão. Apresenta antes a forma de um amontoado deitado, cujo eixo é aproximadamente paralelo ao horizonte, e cujo contorno se poderia chamar navicular, uma vez que, tendo a sua maior extensão numa secção horizontal tomada a cerca de 47 do solo (600 metros de comprimento por 60 de largura média), estas dimensões diminuem em todos os lados à medida que se desce.
A direção do jazigo é aproximadamente de ONO a ESE. Na sua disposição geral, apresenta várias semelhanças com as massas piríticas do mesmo tipo que se encontram na Alemanha e na Alta Itália.
O minério, pirite de ferro cuprífero, é encontrado pelo teste chamado Cornouailles ou voie sèche, contendo em média 2,75% de cobre com uma proporção de 45 a 50% de enxofre, acompanhado de sulfuretos de ferro e outros sais que se encontram geralmente na análise de pirites de natureza congénere.
Arqueologia. No local da mina de S. Domingos, bem como noutras da mesma região em Portugal e nas de Tharsis e Rio-Tinto em Espanha, encontram-se vestígios evidentes de uma exploração considerável pelos romanos, com vestígios, embora bastante vagos, de uma exploração ainda mais antiga que se quis atribuir aos fenícios ou aos cartagineses. O que deu origem a esta suposição é, entre outras circunstâncias, uma diferença muito acentuada no grau de esgotamento da substância útil entre as camadas superiores das escórias deixadas pelos antigos exploradores nas proximidades da mina e a escória subjacente. Seja como for, a exploração romana, segundo o testemunho das moedas encontradas durante as escavações, teria ocorrido no período compreendido entre o final do reinado de Augusto ou a ascensão de Tibério e a divisão do Império sob Teodósio, o que abrangeria um período de cerca de três séculos e meio.
Os vestígios encontrados no local, de um centro populacional que remonta, muito provavelmente, ao período acima mencionado, são numerosos e muito interessantes. Durante as escavações, foram descobertas fundações e outros vestígios de habitações, bases e fragmentos de colunas, embora em pequeno número e sem qualquer forma artística; também foram encontradas, ao longo do vale onde desemboca a galeria de esgotamento, fileiras de sarcófagos cobertos por grandes lajes de xisto local, colocados a pouca profundidade e ainda contendo ossos, que se reduziram a pó ao entrar em contacto com o ar. Em escavações posteriores, foram encontrados vestígios de cremação de cadáveres, com as cinzas guardadas em pequenas ampulhas cinzentas. Outras ampulhas, mais pequenas, eram evidentemente as chamadas lacrimatórias. Além desses objetos, também foram desenterrados diversos objetos de cerâmica, a maioria em pedaços. É lamentável que a falta de cuidado dos trabalhadores envolvidos nas escavações tenha impedido a exumação em bom estado desses vestígios preciosos dos séculos passados.
Entre os vestígios da exploração propriamente dita, os mais notáveis são, sem dúvida, as grandes rodas de madeira que, tal como as da mina de Tharsis, em Espanha, foram encontradas em perfeito estado de conservação e que serviam para escoar a água. Estas rodas, em número de dez, estavam equipadas com calhas na sua circunferência. Oito delas tinham um diâmetro de 16 pés ingleses e as outras duas, mais pequenas, tinham um diâmetro de 12 pés.
A galeria que os antigos cavaram para o escoamento das águas da mina foi parcialmente utilizada nas explorações modernas, após ter sido devidamente alargada. Os trabalhos romanos descem, embora de forma irregular, até mais de 20 metros abaixo desta galeria. Procurando apenas o minério mais rico, deixavam de lado na sua exploração aquele que lhes parecia de menor valor. Daí a grande irregularidade no curso dos seus trabalhos, cuja consequência foi criar, à primeira vista, aos empreendedores da exploração moderna, muitas dificuldades e um acréscimo de custos com o plantio de árvores.
Exploração atual. Abate. Os trabalhos de exploração são executados em projeção horizontal em vários planos ou andares, dos quais até agora três principais: o primeiro estende-se a uma profundidade de cerca de 12 metros abaixo da superfície do jazigo; o segundo a 16 metros mais abaixo e o terceiro a uma profundidade de 24 metros abaixo deste último. Os dois primeiros estão hoje a ser descobertos, na sequência da remoção do maciço estéril sobreposto à massa. As principais galerias e vias de transporte interno estendem-se, tanto quanto possível, paralelamente ao eixo da massa e acompanham as salbandas N. e S. As outras escavações são feitas pelo método de exploração transversal e estendem-se de uma galeria à outra em quase todo o seu percurso. Está-se a abrir para exploração um ou dois andares em níveis inferiores aos que acabamos de mencionar. Além disso, havia inicialmente vários poços que desciam verticalmente da superfície do solo sobre o amontoado e que serviam para a extração do minério. A exploração da mina foi retomada a céu aberto, como se verá a seguir, e esses poços desapareceram sucessivamente com a remoção do subsolo que atravessavam. Restou apenas a parte escavada no minério, que serve para estabelecer, no interior das obras, uma ventilação suficiente e uma comunicação direta entre os diferentes níveis de exploração.
As principais escavações feitas no amontoado têm as seguintes dimensões:
Galerias longitudinais, ao longo do amontoado 2,00×2,00 a 7,50×8,00 Galerias transversais
bancos. 1,80×1,20 a 4,00×6,00
A largura, aparentemente excessiva, dada a algumas das galerias longitudinais, especialmente nos níveis superiores, foi imposta aos exploradores pela frequência das escavações antigas que se encontravam por toda a parte e que, para maior segurança dos trabalhos, tiveram de ser englobadas em escavações em abóbada de 7 a 8 metros de altura.
As dimensões dos poços, dentro das florestas, são em geral de 2“, 20×1”,10 na parte que atravessa o maciço do subsolo sobreposto à massa, e de 2"×2,50 no minério.
A quantidade de pirite extraída da mina desde as primeiras escavações até ao final do ano de 1877 é representada pelos seguintes números:
Escavações antigas, estimadas aproximadamente em 150 000 metros cúbicos
Escavações modernas, pela exploração atual. 659 671
Total de metros cúbicos 809:674, ou seja, aproximadamente 3.578.745 toneladas inglesas.
Os trabalhos de abate são executados por um sistema de preço fixo, há muito tempo em uso na península. O mineiro é pago por metro cúbico abatido, e esse preço inclui o custo das ferramentas, pólvora, dinamite e outros materiais necessários, que são fornecidos aos trabalhadores pela empresa ao preço de custo.
Para a confecção e reparação das ferramentas, mantém-se no local um certo número de ferreiros, pagos a uma taxa fixa por cada artigo concluído. Estes artesãos ocupam-se exclusivamente das ferramentas dos mineiros, cuja mão de obra é por conta destes últimos, enquanto o combustível, as bigornas e todo o restante material das forjas são fornecidos pela empresa.
Com o objetivo de reduzir os custos e facilitar a execução da extração, permitir o esgotamento completo do material útil com o mínimo de perigo para os trabalhadores e, sobretudo, alcançar, se necessário, uma maior rapidez e um número mais elevado na extração do minério, iniciou-se, no decorrer do ano de 1867, a escavação do subsolo sobreposto à massa, sendo que esta camada estéril tem uma espessura média de 32 metros. Este projeto, assim que concebido, foi imediatamente executado, com a aprovação prévia do governo português, cuja amplidão de vistas e benevolência, é preciso dizer, contribuíram poderosamente para facilitar os trabalhos empreendidos em tão grande escala, encontra-se hoje em estado de desenvolvimento considerável e já produziu resultados muito sensíveis do ponto de vista da economia no custo de abate do minério. A maior parte do amontoado está agora à vista. A posição deste amontoado, que forma, por assim dizer, o núcleo de uma colina que se eleva por todos os lados em declives quase iguais sobre os vales circundantes, facilitou singularmente a extração dos detritos. Após a remoção das primeiras camadas de solo, à medida que se avançava na escavação descendente, foram escavados túneis que, partindo dos taludes ou paredes do céu aberto, perfuraram o maciço da colina e vão desembocar nas encostas exteriores. As vias férreas que percorrem esses túneis foram inclinadas para o exterior e foram abertas em todos os níveis em que os trabalhos de escavação foram divididos. Desta forma, foi possível prosseguir os trabalhos de alargamento do céu aberto em paralelo em vários andares ou níveis, com largura suficiente para utilizar locomotivas com potência de 20 a 30 cavalos a vapor, que puxam os vagões carregados com o material estéril removido.
O volume do maciço removido dessa forma até o final de 1877 ascende à considerável cifra de 2.480.824, ou seja, cerca de dois milhões e meio de metros cúbicos, com um custo de abate e extração equivalente a 225.000 libras esterlinas.
Este enorme monte de terra removida acabou por preencher quase totalmente os vales que rodeiam a mina, o que, à distância, produz um efeito muito pitoresco pela nitidez com que se destaca a brancura dos edifícios sobre o fundo avermelhado dos detritos, que por sua vez contrasta com os tons escuros dos arbustos que cobrem os terrenos circundantes.
Extração do minério. A extração, outrora feita por mulas, é hoje realizada inteiramente a vapor. Para esse efeito, foram escavados túneis na continuidade das galerias praticadas na massa, terminando com mais ou menos inclinação na superfície. O túnel superior, que serve de saída para os minérios extraídos a céu aberto e nos níveis subterrâneos mais próximos, tem uma inclinação de apenas 5%. A extração é feita por locomotivas com potência de 30 cavalos a vapor. Como as madeiras deste túnel foram consumidas por um incêndio e o solo adjacente ficou sensivelmente abalado, por precaução, foi necessário derrubar o teto do túnel e todo o terreno sobreposto, transformando-o numa via a céu aberto. A extração da pirite obtida nos níveis inferiores, tendo de subir uma rampa de 30%, é feita em vagonetas puxadas por um cabo de ferro e acionadas por uma máquina a vapor fixa com potência efetiva de 90 cavalos, instalada a uma distância de cerca de 180 metros da entrada dos túneis. Este motor imprime um movimento de rotação no eixo a um cilindro de grande diâmetro que lhe está ligado, em torno do qual se enrola o cabo de arame referido. Estes cabos foram recentemente substituídos por outros de aço.
Acaba de ser montado um segundo motor a vapor com o mesmo sistema do anterior, para dar resposta à crescente extração de minérios dos níveis inferiores.
Um terceiro motor opera sozinho a drenagem das águas da mina, elevadas à superfície por uma bomba de ação simples e de grande diâmetro. A força motriz da máquina a vapor é transmitida à bomba através de uma distância de 200 metros por meio de barras de ferro que deslizam para frente e para trás sobre rodas de ferro fundido, fixadas no topo de altos cavaletes de madeira.
Prevendo que, num futuro próximo, o minério extraível através dos túneis e planos inclinados estará esgotado, foram iniciados dois poços de grande diâmetro, escavados a alguma distância do lado sul do jazida, destinados à montagem de vagões, que serão içados por um aparelho especial para servir à extração dos minerais, independentemente da profundidade dos níveis de exploração. Essa extração será feita por potentes máquinas a vapor, que se pretende montar nas proximidades dos poços em questão.
Preparações mecânicas. - A questão de aproveitar no local e com o menor custo possível os minérios de baixo teor, cuja venda no mercado inglês não cobriria os custos de transporte, foi muito difícil de resolver. Tanto mais quanto mais o sistema mais utilizado para o tratamento das pirites envolve a calcinação, que deveria naturalmente ser realizada em grande escala, mas cujas primeiras tentativas suscitaram imediatamente as mais veementes reclamações por parte dos proprietários e agricultores da vizinhança, que se queixaram dos danos causados à vegetação circundante pela evolução dos fumos sulfurosos. Chegou-se mesmo a assistir, durante a combustão espontânea e puramente acidental de alguns montes de minério em tratamento, a movimentos sediciosos e ameaçadores entre a população local, tendo sido necessário, por conseguinte, abandonar este modo de tratamento. Por isso, limitamo-nos, por enquanto, após uma trituração prévia, a depositar esses minérios pobres num local destinado a esse fim, não muito longe da mina, e a submetê-los a uma saturação mais ou menos abundante, que, com paciência e tempo, deve extrair o metal solúvel, cuja precipitação ocorre em seguida em tanques de cimentação sobre ferro fundido.
Exportação. O transporte das pirites da mina para o porto de embarque é feito por uma ferrovia com largura de 3 pés e 6 polegadas inglesas entre os carris, por locomotivas com potência média de 55 cavalos a vapor. A distância a percorrer é de 17 quilómetros e meio, mas numa parte do caminho a locomoção é automotora, uma vez que a inclinação da via permite que os vagões corram sozinhos até ao fim do plano inclinado, onde são retomados pelas locomotivas e montados no topo da inclinação seguinte, para descer sozinhos como antes.
Este modo de transporte permite-nos poupar algum combustível, cujo consumo se torna considerável nas subidas, algumas delas muito rápidas.
A construção da via férrea da mina de S. Domingos até ao porto de embarque no Guadiana teve de ser realizada através de obstáculos e dificuldades sérias, das quais se pode facilmente dar conta se considerarmos a natureza acidentada e montanhosa do terreno a atravessar. Tivemos de deixar declives de 1/23, foi necessário utilizar locomotivas de grande potência para travar os minerais, enquanto noutros locais tivemos de ultrapassar curvas de 50 metros de raio, onde as locomotivas tinham necessariamente de ter uma base muito curta sobre os engrenagens. Daí as inúmeras dificuldades que tivemos de superar para realizar, numa via como esta, um tráfego tão intenso quanto o exigido pela exportação das nossas pirites, que por vezes atingia 200 mil toneladas ou mais por ano. Se acrescentarmos a estas dificuldades, que se traduzem administrativamente num acréscimo de despesas, o elevado custo do combustível, que tem de ser totalmente importado da Inglaterra, compreender-se-á facilmente que o transporte das pirites até ao ponto de embarque é um dos elementos mais consideráveis do preço de custo dos nossos minerais.
Em São Domingos, mantém-se para o serviço de transportes um parque de 24 locomotivas, das quais as mais potentes são utilizadas na via férrea de Pomarão e as restantes em diversos transportes dentro e fora da mina, na remoção e terraplenagem do material estéril extraído das escavações a céu aberto, etc. Os vagões em serviço são 791, sem contar os vagões basculantes, utilizados exclusivamente em trabalhos de terraplenagem. O custo médio das locomotivas, colocadas no local, é de £ 1:300 cada, enquanto os vagões representam um custo médio de £ 60 e os vagões basculantes de cerca de 12. Estes últimos são construídos na mina, sendo as locomotivas e os vagões importados da Inglaterra. O material circulante que acabamos de enumerar representa, portanto, um valor total de £ 83:342 ou aproximadamente.

O total de minérios exportados desde o início das operações da mina até ao final de 1877 ascende a 2.325:802 toneladas métricas. Os minérios de baixo teor depositados no local destinado ao tratamento metalúrgico ascendem, até à mesma época, a 636:864 toneladas.
Embarque. Se a construção de uma ferrovia através de um terreno tão acidentado como o que forma o leito do rio Guadiana era um empreendimento repleto de dificuldades, a criação de um porto para o embarque de grandes quantidades de minérios não oferecia menos desafios. Era necessário escolher um local do rio que, com a menor distância possível da mina, permitisse ao mesmo tempo, pela sua profundidade, que navios e barcos a vapor de porte bastante grande pudessem subir. Mas, justamente no local onde se encontravam as vantagens desse ponto de vista, havia apenas colinas altas que desciam em declive acentuado até à margem do rio. Criar ali um porto, construir os edifícios e outras construções necessárias, «hoc opus, hic labor est».
No entanto, a perseverança e o uso liberal de capitais superaram os obstáculos que a natureza do país opunha a esses projetos. Começou-se por construir um cais ou molhe em alvenaria, ao longo do qual os navios atracam.
O plano do cais foi elevado ao nível da via férrea que vem da mina, e os vagões carregados de minério são conduzidos até acima de certas aberturas quadradas praticadas na plataforma do cais e revestidas de chapa, que se prolongam diagonalmente e se projetam para fora até um ponto perpendicularmente acima da escotilha do navio a carregar. Ao chegarem à beira dessas aberturas ou funis (shutes), os vagões, por meio de um movimento de basculamento que lhes é imprimido com a ajuda de um aparelho especial, despejam o seu conteúdo no porão do navio a ser carregado.
O sucesso total do modus operandi que acabamos de descrever levou-nos a construir, a pouca distância do primeiro, um segundo cais de embarque. Por estes meios, é possível, se necessário e sem grande dificuldade, embarcar nos navios uma quantidade de 1.500 a 2.000 toneladas de minério por dia.
Uma vez resolvido o problema do embarque, procedeu-se à formação de uma aldeia onde o pessoal necessário pudesse residir, bem como à construção de armazéns, escritórios, forjas, etc. Para esse efeito, foram cortados taludes, removidas rochas, aterrados buracos e abertas estradas onde antes só existiam caminhos pouco acessíveis a pastores e cabras, que eram os únicos habitantes daquela região, e conseguiu-se formar o porto hoje muito conhecido de Pomarão.antes havia apenas caminhos pouco acessíveis aos pastores e cabras, que eram os únicos habitantes daquela região, e conseguiu-se formar o porto hoje muito conhecido de Pomarão, frequentado anualmente por mais de 400 navios à vela e a vapor, com arqueação de 250 a 1.500 toneladas inglesas.
No rio, mantêm-se dois barcos a vapor para rebocar os navios à vela entre a barra do Guadiana e o porto de Pomarão, este último situado a 30 milhas inglesas a montante da foz do rio. Atualmente, em Pomarão, existe uma estação de correios, vários balcões para expedição de navios e expedição de armazéns, uma estação alfandegária, outra de pilotos, um telégrafo que liga o porto de Pomarão à rede europeia, pelo lado continental através de Montemor e Lisboa e pelo lado do oceano através do cabo submarino que chega a Villa Real de Santo António, na foz do Guadiana, a Lisboa e a Falmouth. Existem ainda forjas, oficinas de carpintaria, armazéns, uma casa que serve de residência aos chefes de serviço ligados ao porto, 24 habitações para o pessoal, armazéns de abastecimento para os navios e vários outros edifícios de menor importância.
Parte dos edifícios acima mencionados foi destruída pela terrível cheia do rio Guadiana, que ocorreu entre 6 e 8 de dezembro de 1876. Esta cheia, a mais devastadora de que há memória, causou danos terríveis não só em Pomarão, mas em todo o curso do rio. As construções mais sólidas, que tinham resistido a todas as inundações anteriores, não resistiram desta vez, e o enorme volume de água que se precipitou ao longo das margens levou tudo na sua corrida vertiginosa, deixando no seu rasto apenas um vasto atoleiro, cobrindo uma devastação assustadora.
Escusado será dizer que tudo o que foi destruído desta forma em Pomarão teve de ser reconstruído. Felizmente, estes fenómenos terríveis só se repetem em longos intervalos.
Na margem oposta do rio, em frente ao porto de embarque, foi erguido um aparelho a vapor para a montagem dos vagões carregados com o lastro dos navios,
que é depois depositada a uma altura onde fica protegida de ser levada pelas cheias do rio, o que causaria graves inconvenientes à navegação devido ao transporte de detritos e ao acúmulo de sedimentos. O transporte dos vagões é feito por carris numa inclinação muito acentuada, partindo da linha da maré baixa e subindo a colina até ao local onde o lastro deve ser depositado. A tração é feita por uma corrente que rola em torno de um cilindro, ao qual é imprimido um movimento de rotação sobre o eixo por um motor a vapor com uma potência nominal de 9 cavalos.
Mina de S. Domingos. Habitações, etc. A aldeia conhecida como S. Domingos foi fundada pela empresa que explora a mina, nas imediações das obras. Desde que há memória, não se conhecia nesta região deserta outra habitação senão um modesto eremitério dedicado a São Domingos, onde a imagem do santo era mantida pela paróquia vizinha de Sant'Anna de Cambas. Algum viajante solitário que atravessava os caminhos traçados na montanha, algum pastor que conduzia o seu rebanho de cabras, ou algum lobo errante no mato disputando a sua presa com águias e abutres, eram os únicos seres animados que frequentavam esses lugares.
A indústria moderna, essa maravilhosa lâmpada de Aladino, ressuscitou nessas solidões a sua irmã mais velha, a indústria antiga, que dormia há vinte séculos nas caves e subterrâneos da mina; povoou esse deserto, construiu casas e oficinas, trouxe movimento e vida onde antes havia apenas silêncio e desolação.
Concluídos os primeiros trabalhos de instalação, começou-se a construir a aldeia que hoje se estende pelo cume e ao redor da colina de S. Domingos. Construiu-se uma casa ampla, onde se encontram reunidos o alojamento do diretor, os escritórios, um laboratório, uma sala de bilhar e um gabinete de leitura adjacente, para recreação dos funcionários, contendo uma biblioteca com a maioria dos jornais do país e os principais jornais estrangeiros. No ponto mais alto da Serra de São Domingos erguia-se uma igreja dedicada ao culto católico e servida por um padre a soldo da Empresa. A ampliação do céu-ou-verde tornou insegura a localização desta igreja, pelo que, por precaução, foi necessário demolir a igreja após uma profanação solene, deixando de pé apenas o campanário, que permanecerá como uma lembrança do edifício desaparecido.
O serviço religioso é realizado provisoriamente numa capela que foi consagrada noutra parte do estabelecimento, fora do alcance das obras. O restante dos edifícios é composto por um hospital para o tratamento gratuito dos trabalhadores feridos nas obras, com uma farmácia anexa para a distribuição, também gratuita, de medicamentos a todo o pessoal do estabelecimento,
tudo sob a direção de um médico e um farmacêutico pagos pela empresa; de vários armazéns para o fornecimento de alimentos e de 500 habitações mais ou menos espaçosas, de acordo com a categoria ou as necessidades do pessoal que nelas reside.
No que diz respeito aos edifícios destinados aos serviços técnicos e administrativos, em S. Domingos, além dos escritórios destinados à caixa, à contabilidade e ao controlo da contabilidade industrial, existem numerosas fábricas de fundição e de trabalhos mecânicos, oficinas de carpintaria e de construção e reparação de vagões e outros materiais de transporte, bem como vastas oficinas para a reparação de locomotivas. Um motor a vapor com 16 cavalos de potência aciona as numerosas máquinas em funcionamento. Existem ainda armazéns espaçosos e recintos para o material em uso e em stock, um número considerável de forjas para a confecção e manutenção de ferramentas, serras circulares e verticais a vapor, estábulos para a manutenção de cerca de sessenta mulas utilizadas em diversos serviços e vários outros edifícios de menor importância.
O pessoal empregado nos trabalhos da mina, na ferrovia e em Pomarão varia, de acordo com a maior ou menor atividade da exportação, entre 1:500 e 2:500 pessoas.
Com o objetivo de proteger o estabelecimento de S. Domingos dos efeitos da seca natural da região e suprir as necessidades cada vez maiores do nosso serviço a vapor, foi necessário empregar um capital considerável na construção de vários diques ao longo dos rios e ravinas da região circundante, a fim de armazenar durante o inverno uma quantidade suficiente de água, cuja falta, no verão, poderia ter consequências desagradáveis, quando o forte calor seca todos os cursos de água da vizinhança e até mesmo os poços e as fontes. O maior desses reservatórios deverá conter um volume de 5 a 6 milhões de metros cúbicos e, além de abastecer os nossos serviços a vapor, atenderá aos diversos processos de saturação e cimentação. Existe até um projeto para utilizar o excedente na irrigação dos terrenos vizinhos à mina, cuja aquisição foi feita pela empresa, que está a tentar desmatar alguns deles para o cultivo das plantas mais adequadas às condições climáticas do local. Tentou-se até cultivar cevada e aveia para alimentar as mulas mantidas na mina.
Como medida higiénica e com o objetivo de alterar, tanto quanto possível, a aridez natural da região, iniciou-se o cultivo, em todos os locais adequados, de eucalipto globulus, espécie que se adaptou perfeitamente às condições climáticas e ao terreno da mina, e da qual já contamos com vários milhares em perfeita vegetação.

O capital representado pelas construções, caminhos de ferro e outros equipamentos fixos e móveis em funcionamento no estabelecimento de S. Domingos e suas dependências pode ser avaliado em aproximadamente £ 560.000 libras esterlinas.
A direção geral da empresa tem sede em Londres, 87, Cannon Street. A comercialização dos minerais é feita quase na totalidade em Inglaterra. No entanto, iniciou-se o seu consumo, embora até agora em pequena escala, para a fabricação de produtos químicos em Lisboa e noutros locais.
O diretor-gerente é o Sr. James Mason, nomeado sucessivamente Comendador da Ordem de Cristo, Barão de Pomarão e Visconde Mason de S. Domingos pelo governo português e, mais recentemente, Comendador da Ordem de Carlos III pelo governo espanhol.
A administração comercial da empresa em Inglaterra, não menos importante do que a exploração hábil e enérgica da mina em Portugal, foi confiada ao cunhado do Visconde de S. Domingos, o Sr. F. T. Barry, elevado pelo governo português à dignidade de Comendador da Ordem de Cristo e promovido por decreto de 22 de novembro de 1876 ao título de Barão de Barry.
Que o seu exemplo desperte a emulação dos capitalistas portugueses e os leve a desenvolver os recursos tão abundantes e variados que o país lhes oferece, para maior benefício próprio e da indústria nacional e para que a paz interna, o trabalho perseverante e a aplicação inteligente do capital possam devolver a Portugal o lugar que outrora ocupou entre as potências da Europa.
Mina de S. Domingos, 5 de março de 1878.

MINE DE S. DOMINGOS
Au milieu d'une contrée aride et rocailleuse, å une distance de 14 kilomètres environ du fleuve Guadiana et à 50 kilomètres, à peu près, de la mer, se trouve en Portugal la mine de pyrite cuivreuse de S. Domingos, dans le «concelho ou commune de Mertola (Myrtilis Julia des Romains) appartenant au district administratif du Bas-Alemtéjo dont le chef-lieu est à Béja.
Notions géologiques. Le caractère géognostique de cette partie du pays est d'une identité presque parfaite avec celui de la région métallifère de la province de Huelva en Espagne. Ici comme dans le voisinage des gisements pyriteux de Tharsis et de Rio-Tinto, comme à Aljustrel et á Grandola qui forment en quelque sorte le prolongement de la méme zone vers le couchant, le métamorphisme des roches schisteuses est très pro-noncé. On avait longtemps classifié cette partie du pays, comme appartenant à la période devonienne, et les terrains autour de la mine comme étant complètement azoiques. Les études auxquelles s'est récemment livré un géologue portugais du plus haut mérite, M. Nery Delgado, portent cependant à la conclusion que la zone dont nous parlons appartient plutôt à l'époque silurienne, avec des traces parfaitement distinctes de fossiles organiques. Dans un travail très intéressant que M. Delgado a présenté à l'Académie Royale des Sciences à Lisbonne, il développe les raisons qui l'ont porté á considérer ces terrains comme étant d'une formation toute spéciale et qui ne présente aucune connection avec les autres régions géologiques de la péninsale. M. Nery Delgado par l'examen des empreintes de fossiles qu'il a rencontrées dans le cours de ses recherches, et par les phénomènes géologiques dont il a étudié et comparé minutieusement les traces, tire les inductions aussi ingenieuses que plausibles qui nous permettent de suivre pour ainsi dire pas à pas et dans leur succession chronologique, les vicissitudes que cette partie de la croûte terrestre a subies aux périodes les plus reculées de l'histoire de la terre.
Le caractère naturellement succinct d'une notice comme celle-ci ne nous permet guère, comme nous en aurions eu un véritable plaisir, de puiser plus abondanument aux intéressantes dissertations géologiques et paléontologiques qui font l'objet du mémoire de M. Nery Delgado.
Sur les salbandes qui bornent l'amas pyriteux ainsi que dans le massif stérile qui le recouvrait naguère, on trouve, mélés au schistes argileux dont les affleurements prédominent partout, des silicates, des grauwackes et de nombreux filons quartzeux que le métamorphisme du sous-sol a melé aux schistes micacés ou talqueux, le tout étant incrusté dans les détritus séculaires des roches. Ces derniers, fortement impregnés d'oxides de fer hydraté, constituent une argile à teinte rougeâtre et d'inégale dureté qui enveloppe l'amas pyriteux de S. Domingos.
Caractère minéralogique. Cette mine n'affecte pas, au milieu des schistes encaissants, la forme stratifiée d'un filon. Elle présente plutôt la figure d'un amas couché dont l'axe est à peu près parallèle à l'horizon, et à contour qu'on pourrait appeler naviculaire en tant que, ayant sa plus grande étendue sur une coupe horizontale prise à 47 environ du sol, (600 mètres de longueur sur 60 de largeur moyenne) ces dimensions décroissent sur tous les côtés à mesure que l'on descend.
La direction du gisement est à peu près de O. N. O. à E. S. E. Dans sa disposition générale il offre plusieurs points de ressemblance avec les masses pyriteuses du même genre qui se trouvent en Allemagne et dans la Haute-Italie.
Le minerai, pyrite de fer cuivreuse, se trouve par l'essai dit de Cornouailles ou de voie sèche contenir en moyenne 2.75 p. c. de cuivre avec une proportion de 45 à 50 p. c. de soufre, accompagné de sulfurets de fer et des autres sels qu'on trouve généralement dans l'analyse des pyrites de nature congénère.
Archéologie. Sur l'emplacement de la mine de S. Domingos, ainsi que dans d'autres de la même région en Portugal et dans celles de Tharsis et de Rio-Tinto en Espagne, on trouve les traces évidentes d'une exploitation considérable par les Romains avec des vestiges, assez vagues cependant, d'une exploitation encore plus ancienne qu'on a voulu attribuer aux Phéniciens ou aux Carthaginois. Ce qui a donné lieu à cette supposition, est entre autres circonstances une différence très marquée, dans le degré d'épuisement de la substance utile, entre les couches supérieures des haldes de scories laissées par les anciens explorateurs aux environs de la mine et la scorie sous-jacente. Quoiqu'il en soit, l'exploitation Romaine, d'après le témoignage des monnaies trouvées dans le cours des excavations, aurait eu lieu à l'époque comprise entre les derniers temps du règne d'Auguste ou l'avènement de Tibère, et le partage de l'Empire sous Théodose, ce qui embrasserait une période d'à peu près trois siècles et demi.
Les vestiges trouvés sur les lieux, d'un centre de population remontant selon toute probabilité à l'époque qu'on vient de désigner, sont nombreux et très intéressants. On a dans le cours des excavations mis à découvert des fondements et autres restes d'habitations, des socles et fragments de colonnes, quoiqu'en petit nombre et sans façonne ment artistique; on a également rencontré, le long de la vallée où débouche la galerie d'épuisement, des rangées de sarcophages recouverts de larges dalles du schiste local placés à peu de profondeur et contenant encore des ossements, qui se sont réduits en poussière au contact de l'air. Dans des excavations postérieures on a trouvé des vestiges d'incrémation de cadavres, les cendres étant renfermées dans de petites ampoules cinéraires. D'au très ampoules, plus petites, étaient évidemment de celles qu'on appelait lacrymatoires. A part ces objets, on a aussi déterré une foule d'objets de céramique, la plupart en morceaux. Il est fort à regretter que la maladresse des ouvriers employés à ces excavations ait empéché d'exhumer en bon état ces restes précieux des siècles passés.
Parmi les vestiges de l'exploitation proprement dite, les plus remarquables sont sans contredit les grandes roues en bois qu'à l'instar de celles de la mine de Tharsis en Espagne, on a trouvées en parfait état de conservation et qui servaient à Tépuisement des eaux. Ces roues, an nombre de dis, étaient garnies d'auges sur leur circonférence. Huit d'entr'elles avaient un diamètre de 16 pieds anglais et les deux autres, plus petites, étaient du diamètre de 12 pieds.
La galerie que les anciens avaient creusée pour l'écoulement des eaux de la mine, a servi en partie aux exploitations modernes après avoir été convenablement élargie. Les travaux romains descendent, quoiqu'irrégulièrement, jusqu'à plus de 20 mètres au dessous de cette galerie. Ne cherchant que le minerai le plus riche, ils laissaient de côté dans leur exploitation celui qui leur paraissait de plus bas aloi. De là une grande irrégularité dans le cours de leurs travaux, dont la conséquence a été de créer de prime abord aux entrepreneurs de l'exploitation moderne, beaucoup de difficultés et un surcroît de frais en boisements.
Exploitation actuelle. Abattage. Les travaux d'exploitation sont exécutés en projection horizontale sur plusieurs plans ou étages, dont jusqu'à présent trois principaux: le premier s'étend à la profondeur de 12 mètres environ au dessous de la surface du gisement; le deuxième à 16 mètres plus bas, et le troisième a la profondeur de 24 mètres au dessous de ce dernier. Les deux premiers sont aujourd'hui à décou vert par suite du déblai du massif stérile superposé å la masse. Les principales galeries et voies de transport intérieur, s'allongent autant que possible en parallèle à l'axe de la masse, et côtoient les salbandes N. et S. Les autres excavations, sont pratiquées par la méthode d'exploitation en travers, et s'étendent d'une galerie à l'autre sur presque tout le parcours de celles ci. On est en train d'ouvrir à l'exploitation un ou deux étages sur des niveaux inférieurs à ceux dont il vient d'être question. Il y avait en outre dans le principe divers puits qui descendaient de la surface du sol verticalement sur l'amas et qui servaient à l'extraction du minerai. L'exploitation de la mine ayant été reprise à ciel ouvert comme on verra dans la suite, ces puits ont successivement disparu avec le déblai du sous-sol qu'ils traversaient. Il n'en reste que la partie creusée dans le minerai, qui sert à établir dans l'intérieur des travaux, une ventilation suflisante et une communication directe entre les différents niveaux d'exploitation.
Les excavations principales faites dans l'amas ont les dimensions qui suivent:
Galeries longitudinales, sur la longueur de l'amas 2,00×2,00 à 7,50×8,00 Galeries à travers
bancs. 1,80×1,20 à 4,00×6,00
La largeur, apparemment trop grande, donnée à quelques unes des galeries longitudinales, surtout dans les niveaux supérieurs a été imposée aux explorateurs par la fréquence des excavations anciennes qu'on y rencontrait de toutes parts et que pour la plus grande sûreté des travaux on a dú englober dans des excavations en voûte de 7 à 8 mètrès de hauteur.
Les dimensions des puits, en dedans des boisements, sont en général de 2", 20×1",10 dans la partie qui traverse le massif de sous-sol superposé à la masse, et de 2"×2,50 dans le minerai.
La quantité de pyrite extraite de la mine depuis les premières excavations jusqu'à la fin de l'année 1877 est représentée par les chiffres suivants:
Excavations anciennes, estimées approximativement ...... 150:000 mètres cubes
Excavations modernes, par l'exploitation actuelle. 659:671
Total mètres cubes 809:674 soit 3.578.745 tonnes anglaises environ.
Les travaux d'abattage sont exécutés à forfait par un système depuis longtemps en usage dans la péninsule. On paie au mineur à tant le mètre cube abattu, et ce prix comprend le coût d'outillage, poudre, dynamite et autres matériaux nécessaires, qui sont fournis aux ouvriers par l'Entreprise au prix de revient.
On entretient sur les lieux pour la confection et la réparation des outils un certain nombre de forgerons payés à taux fixe pour chaque article d'ouvrage achevé. Ces artisans s'occupent exclusivement de l'outillage des mineurs et la main d'œuvre est à la charge de ces derniers, tandis que le combustible, les enclumes et tout le reste du matériel des forges sont fournis par l'Entreprise.
Dans le but d'amoindrir les frais et faciliter l'exécution de l'abattage, de permettre l'épuisement complet de la matière utile avec le minimum de danger pour les ouvriers, et surtout d'atteindre, le cas échéant, une rapidité plus grande et un chiffre plus élevé dans l'extraction du minerai, on a entrepris dans le courant de l'année 1867 le déblai du sous-sol superposé à la masse, cette couche stérile ayant une épaisseur moyenne de 32 mètres. Ce projet aussitôt conçu que mis en exécution, avec l'approbation préalable du gouvernement portugais, dont la largeur de vues et la bienveillance, il faut le dire, ont puissamment contribué à faciliter des travaux entrepris sur une si grande échelle, est aujourd'hui dans un état de développement considérable et a produit déjà des résultats très sensibles au point de vue de l'économie dans le coût d'abattage du minerai. La plus grande partie de l'amas est à présent mise à nu. La position de cet amas, qui forme pour ainsi dire le noyau d'une colline s'élevant de tous côtés en pentes à peu près égales sur les vallées environnantes, a singulièrement facilité l'extraction des déblais. Les premières couches de sol enlevées, on a ensuite creusé, à mesure qu'on s'est avancé dans l'excavation descensionnelle, des tunnels, qui partant des talus ou parois du ciel ouvert, ont percé le massif de la colline et vont déboucher sur les versants extérieurs. On a donné aux voies ferrées dont ces tunnels sont garnis une pente vers l'extérieur, et on en a ouverts sur tous les niveaux dans lesquels on a divisé les travaux de déblai. On a pu par ce moyen poursuivre les travaux d'élargissement du ciel ouvert en parallèle sur plusieurs étages ou échelons, de largeur suffisante pour y employer des locomotives de la force de 20 à 30 chevaux-vapeur, qui font la traction des wagons chargés du stérile déblayé.
Le volume du massif enlevé de la sorte jusqu'à la fin de 1877 s'élève au chiffre considérable de 2.480:824, soit à peu près deux millions et demi de mètres cubes, avec un coût d'abattage et d'extraction équivalent à 225:000 livres sterling.
Cet amas énorme de terrrain déblayé a fini par combler ou à peu près les vallons environnant la mine, ce qui à distance produit un effet des plus pittoresques par la netteté avec laquelle se détache la blancheur des bâtiments sur le fond rougeâtre des déblais, qui contraste à son tour avec les tons sombres des broussailles qui recouvrent les terrains environnants.
Extraction du minerai. L'extraction, faite jadis par des mulets, est aujourd'hui accomplie entièrement à la vapeur. A cet effet, des tunnels ont été percés en continuation des galeries pratiquées dans la masse, aboutissant avec plus ou moins d'inclinaison à la surface. Le tunnel supérieur, servant de débouché aux minerais abattus à ciel ouvert et sur les niveaux souterrains les plus proches, n'offre qu'une pente de 5 pour cent. On y fait l'extraction par des locomotives de la puissance de 30 chevaux-vapeur. Les boisements de ce tunnel ayant été dévorés par un incendie et le sol avoisinant en ayant été sensiblement ébranlé, on a dú par prudence abattre le toit du tunnel et tout le terrain superposé, et en faire une voie à ciel ouvert. L'extraction de la pyrite obtenue des niveaux inférieurs, ayant à sur monter une rampe de 30 pour cent est faite dans des wagonnets trainés par une corde de fil de fer et montés par une machine à vapeur fixe de la force effective 90 chevaux qu'on a établie à une distance de 180 mètres environ de l'entrée des tunnels. Ce moteur imprime un mouvement de rotation sur essieu à un cylindre à grand diamètre qui y est attaché, autour duquel se roule la corde en fil de fer dont il est question. Ces cordes viennent d'être dernièrement substituées par d'autres en fil d'acier.
On vient de monter un second moteur à vapeur sur le même système que le précédent, pour suffire à l'extraction croissante des minerais des niveaux inférieurs.
Un troisième moteur opère à lui seul l'épuisement des eaux de la mine, élevées à la surface par une pompe à simple action et de grand diamètre. La force motrice de la machine à vapeur est transmise à la pompe à travers une distance de 200 mètres par le moyen de barres de fer glissant en va-et-vient sur des roulettes en fonte, fixées sur le sommet de hauts chevalets de bois.
Dans la prévision d'une époque à laquelle on aura épuisé le minerai extrayable par les tunnels et plans inclinés, on vient d'entreprendre deux puits à grand diamètre, creusés à quelque distance du côté Sud du gisement et qui sont destinés au montage des wagonnets, qui seront hissés par un appareil spécial pour servir à l'extraction des minerais quelle que soit la profondeur des niveaux d'exploitation. Cette extraction sera faite par de puissantes machines à vapeur, qu'on se propose de monter dans le voisinage des puits en question.
Préparations mécaniques. -La question de mettre à profit sur les lieux et avec le moins de frais possible les minerais de basse teneur dont la vente sur le marché anglais n'aurait pas défrayé le coût de transport a été très difficile à résoudre. D'autant plus que le système le plus en usage pour le traitement des pyrites comporte la calcination, qui devrait naturellement s'exécuter sur une grande échelle, mais dont les premiers essais ont sur le champ élevé les réclamations les plus énergiques de la part des propriétaires et cultivateurs du voisinage, qui se sont récriés sur les dommages faits à la végétation environnante par l'évolution des fumées sulfureuses. On a même, lors de la combustion spontanée et purement accidentelle de quelques haldes de minerai en traitement, vu des mouvements séditieux et menaçants éclater parmi les gens du pays, et il a fallu par conséquent renoncer à ce mode de traitement. On se borne donc pour le moment, après une trituration préalable, à déposer ces minerais pauvres sur un emplacement à ce destiné non loin de la mine et à les soumettre à une saturation plus ou moins abondante, qui avec patience et longueur de temps en doive extraire le métal soluble, dont la précipitation s'opère ensuite dans des bassins de cémentation sur du fer en fonte.
Exportation. Le service de transport des pyrites de la mine au port d'embarquement est fait sur un chemin de fer de la largeur de 3 pieds 6 pouces anglais entre les rails, par des locomotives de la force moyenne de 55 chevaux vapeur. La distance à parcourir est de 17 kilomètres et demi, mais sur une partie du chemin la locomotion est automotrice, attendu que l'inclinaison de la voie permet aux wagons de courir d'eux-mêmes jusqu'au bout du plan incliné, où ils sont repris par les locomotives et montés au sommet de la pente qui suit, pour redescendre d'eux-mêmes comme auparavant.
Ce mode de transport nous permet de faire une certaine économie en combustible dont la consommation devient très considérable sur les montées, quelques-unes très rapides.
La construction de la voie ferrée de la mine de S. Domingos au port d'embarquement sur la Guadiana a dû s'accomplir à travers des obstacles et des difficultés sérieuses, dont on pourra d'ailleurs facilement se rendre compte si l'on considère la nature accidentée et montagneuse du terrain à traverser. On a dû laisser des pentes de 1/23 il fallait employer des locomotives de grande puissance pour faire la traction des minerais, tandis que dans d'autres endroits on avait à franchir des courbes de 50 mètres de rayon où les locomotives devaient nécessairement avoir une base très courte sur les rouages. De là, des difficultés sans nombre qu'on a dû surmonter pour mener sur un chemin pareil, un trafic tel que l'exigeait l'exportation de nos pyrites, montant parfois au chiffre de 200 mille tonnes et au-delà, annuellement. Si l'on ajoute à ces difficultés qui se traduisent administrativement par un surcroit de dépense, la cherté du combustible, qui doit être en totalité apporté de l'Angleterre, on comprendra aisément que le transport des pyrites au point d'embarquement est un des éléments les plus considérables du prix de revient de nos minerais.
On entretient à S. Domingos pour le service des transports un matériel roulant de 24 locomotives, dont les plus puissantes sont employées sur la voie ferrée à Pomarão et les autres aux divers transports à l'intérieur et à l'extérieur de la mine, aux déblais et terrassements du stérile extrait des excavations à ciel ouvert, etc. Les wagons en service sont au nombre de 791, sans compter les wagonnets déversant sur les côtés, qu'on emploie exclusivement aux travaux de terrassement. Le coût en moyenne des locomotives, placées sur les lieux, est de £ 1:300 chacune, tandis que les wagons représentent un coût moyen de £ 60 et les wagonnets de 12 environ. Ces derniers sont construits à la mine, les locomotives et les wagons étant importés de l'Angleterre. Le matériel roulant que nous venons d'énumérer représente donc une valeur totale de £ 83 :342 ou à peu près.

La totalité des minerais exportés depuis le commencement des opérations de la mine, jusqu'à la fin de 1877, s'élève au chiffre de 2.325:802 tonnes métriques. Les minerais de basse teneur déposés sur l'emplacement destiné au traitement métallurgique montent, jusqu'à la même époque, à 636 :864 tonnes.
Embarquement. Si la construction d'un chemin de fer à travers un pays aussi accidenté que celui qui forme l'encaissement de la Guadiana était une Entreprise hérissée de difficul-tés, l'établissement d'un port pour l'embarquement de grosses quantités de minerais n'en offrait guère de moindres. Il fallait choisir un endroit du fleuve qui, avec le moins d'éloignement de la mine, per mit en même temps par sa profondeur que des navires et des bateaux à vapeur d'assez forte jauge y pussent remonter. Mais voilà justement qu'à l'endroit où on trouvait des avantages sous ce point de vue, il n'y avait que de hautes collines descendant en pente rapide jusqu'au bord de l'eau. Créer ici un port, y établir les bâtiments et autres constructions nécessaires, « hoc opus, hic labor est ». La persévérance cependant, et l'emploi libéral des capitaux, ont eu raison des obstacles que la nature du pays opposait à ces projets.
On a commencé par construire un quai ou jetée en maçonnerie, le long de laquelle les navires viennent s'amarrer. Le plan du quai étant élevé au niveau de la voie ferrée qui vient de la mine, les wagons chargés de minerai y sont conduits jusqu'au-dessus de certaines ouvertures carrées pratiquées sur la plateforme du quai et doublées en tôle, qui se prolongent en diagonale et projettent au dehors jusqu'à un point perpendiculairement au-dessus de l'écoutille du navire à la charge. Arrivés sur le bord de ces ouvertures ou entonnoirs ( shutes ) les wagons, par un mouvement de bascule qui leur est imprimé à l'aide d'un appareil spécial, versent leur contenu dans la cale du navire à la charge.
La parfaite réussite du modus operandi que l'on vient de décrire nous a portés à construire à peu de distance du premier, un second quai d'embarquement. Par ces moyens on peut le cas échéant et sans trop de peine mettre à bord des navires une quantité de 1:500 à 2:000 tonnes de minerai par jour.
Le problème de l'embarquement une fois ré solu, on a procédé ensuite à la formation d'un village où le personnel nécessaire pût demeurer, ainsi qu'à la construction de magasins, bureaux. forges etc. À cet effet, on a coupé des talus, enlevé des roches, remblayé des creux, frayé des routes là où il n'y avait auparavant que des sentiers à peine accessibles aux pâtres et aux chèvres, qui étaient les seuls habitants de ces parages, et on est parvenu à former le port aujourd'hui très connu de Pomarão, et annuellement fréquenté par 400 et plus, de navires à voile et à vapeur, de la jauge de 250 jusqu'à 1:500 tonnes anglaises.
On entretient sur le fleuve deux bateaux à vapeur pour le touage des navires à voile entre la barre de la Guadiana et le port de Pomarão, ce dernier se trouvant à 30 milles anglais en amont de l'embouchure du fleuve. Il y a actuellement à Pomarão un bureau de poste, plusieurs comptoirs pour l'expédition des navires et l'expédient des magasins, une station de douane, une autre de pilotes, un bureau télégraphique qui lie le port de Pomarão au réseau européen, du côté continental par Montemor et Lisbonne et du côté de l'Océan par le câble sous-marin qui touche à Villa Real de Santo Antonio sur l'embouchure de la Guadiana, à Lisbonne et à Falmouth. Il y a. en outre, des forges, des ateliers de charpenterie, des magasins, une maison qui sert de pied-à-terre aux chefs de service ayant affaire au port, 24 habitations pour le personnel, des magasins d'approvisionnement pour les navires et plusieurs autres bâtisses de moindre importance.
Une partie des bâtiments dont il vient d'être fait mention a été emportée par le terrible débordement de la Guadiana, qui a eu lieu du 6 au 8 décembre 1876. Cette crue des eaux, la plus désastreuse dont il y ait mémoire, a causé non seulement à Pomarão, mais sur tout le cours du fleuve les plus épouvantables dégâts. Les constructions, les plus solides, qui avaient résisté à toutes les inondations antérieures, n'ont pu tenir bon cette fois, et le volume énorme des eaux se précipitant le long des berges a tout emporté dans sa course vertigineuse, ne laissant sur son passage qu'un vaste bourbier, recouvrant une dévastation effrayante.
Il va sans dire que tout ce qui a été démoli de la sorte à Pomarão a dû être rebâti à nouveau. Fort heureusement que ces terribles phénomènes ne se reproduisent qu'à de longs intervalles.
Sur la rive opposée du fleuve et faisant face au port d'embarquement, il a été érigé un appareil à vapeur pour le montage des wagons chargés du lest des navires, qui est ensuite déposé à une hauteur où il se trouve à l'abri d'être emporté par les débordements du fleuve, ce qui amènerait de graves inconvénients à la navigation par le charriage des déblais et l'amoncellement de bas-fonds. Le roulage des wagons a lieu sur voie ferrée en pente très rapide, partant de la ligne de marée basse et gravissant la colline jusqu'à l'endroit où le lest doit être déposé. La traction est faite par une chaine roulant autour d'un cylindre, auquel un mouvement de rotation sur essieu est imprimé par un moteur à vapeur de la force nominale de 9 chevaux.
Mine de S. Domingos. Habitations, etc, Le village connu sous le nom de S. Domingos a été fondé par l'Entreprise qui exploite la mine, et sur le voisinage immédiat des travaux. De mémoire d'homme on ne connaissait dans ces solitudes d'autre habitation qu'un modeste Hermitage à l'invocation de S. Dominique, où l'image du saint était entretenue par la paroisse voisine de Sant'Anna de Cambas. Quelque voyageur solitaire traversant les sentiers frayés dans la montagne, quelque pâtre conduisant son troupeau de chèvres, ou quelque loup errant dans les broussailles et disputant sa proie aux aigles et aux vautours, tels étaient les seuls êtres animés qui fréquentaient ces parages.
L'industrie moderne, cette merveilleuse lampe d'Aladdin, a fait ressusciter dans ces solitudes sa sœur ainée, l'industrie antique, qui dormait depuis vingt siècles dans les caveaux et les souterrains de la mine; elle a peuplé ce désert, elle a bâti des maisons et construit des ateliers, elle a porté le mouvement et la vie, là où il n'y avait naguère que silence et désolation.
Les premiers travaux d'installation achevés, on commença de construire le village qui s'étend aujourd’hui sur le sommet et tout autour de la colline de S. Domingos. On y a bâti une vaste maison, où sont réunis le logement du Directeur, les bureaux, un laboratoire, un salon de billard et cabinet de lecture y attenant, pour la récréation des employés et contenant une bibliothèque avec la plupart des journaux du pays et les principaux étrangers. Sur le point le plus culminant de la Serre de S. Domingos s'élevait une église dédiée au culte catholique et desservie par un prêtre aux gages de l'Entreprise. L'élargissement du ciel-ou-vert ayant rendu peu sûr l'emplacement de cette église, on a dû, par mesure de précaution, la démolir après profanation solennelle, ne laissant debout que le clocher, qui restera comme un souvenir de l'édifice disparu. Le service religieux se fait provisoirement dans une chapelle qu'on a consacrée dans une autre partie de l'établissement, hors de l'atteinte des travaux.
Le reste des bâtiments se compose d'un hôpital pour le traitement gratuit des ouvriers blessés aux travaux, avec une pharmacie adjointe pour le débit, également gratuit, de médicaments à tout le personnel de l'établissement, le tout sous la direction d'un médecin et d'un pharmacien payés par l’Entreprise ; de plusieurs magasins pour le fournissement de comestibles et de 500 habitations plus ou moins spacieuses, selon la catégorie ou les besoins du personnel qui y demeure.
En fait de bâtiments à l'usage des services technique et administratif il y a à S. Domingos, à part les bureaux affectés à la caisse, à la tenue des livres et au contrôle de la comptabilité industrielle, de nombreuses usines de fonderie et de travaux mécaniques, des ateliers de charpenterie et de construction et réparation des wagons et autres matériels de transport, ainsi que de vastes ateliers pour la réparation des locomotives. Un moteur à vapeur de la force de 16 chevaux met en mouvement les nombreuses machines en service. Il y a en outre de spacieux magasins et enclos pour le matériel en usage et en stock un nombre considérable de forges pour la confection et l'entretien de l'outillage, des scies à vapeur circulaires et verticales, des écuries pour l'entretien d'une soixantaine de mulets employés à divers services, et plusieurs autres bâtiments de moindre importance.
Le personnel employé dans les travaux de la mine, sur le chemin de fer et à Pomarão varie, selon la plus ou moins grande activité de l'exportation, entre 1 :500 et 2 :500 personnes.
Dans le but de soustraire l'établissement de S. Domingos aux effets de la sécheresse naturelle de la contrée et pourvoir aux besoins toujours croissants de notre service à vapeur, on a dû employer un capital considérable à la construction de plusieurs digues sur le cours des rivières et ravins du pays environnant, afin d'emmagasiner pendant l'hiver une quantité suffisante d'eau, dont le manque, dans l'été, pourrait avoir des conséquences fâcheuses, quand les fortes chaleurs font dessécher tous les cours d'eau du voisinage, et tarir même les puits et les sources. Le plus considérable de ces réservoirs devra contenir un volume de 5 à 6 millions de mètres cubes et subviendra, outre l'alimentation de nos services à vapeur, aux divers procédés de saturation et de cémentation. On a même le projet d'en employer le surplus à l'irrigation des terrains avoisinant la mine et dont l'acquisition a été faite par l'entreprise, qui tache d'en mettre quelques-uns en défrichent pour la culture des plantes les plus adaptées aux conditions climatologiques de l'endroit. On y a même essayé de cultiver des moissons d'orge et d'avoine, pour la nourriture des mulets entretenus à la mine.
Comme mesure hygiénique et dans le but de modifier autant que possible l'aridité naturelle de la contrée, on a entrepris la culture, partout où il se présente un emplacement convenable, de l'eucalyptus globulus, espèce qui s'est parfaitement adaptée aux conditions climatologiques et au terrain de la mine, et dont nous comptons déjà plusieurs milliers en végétation parfaite.

Le capital représenté par les constructions, chemins de fer, et autre matériel fixe et roulant en fonction dans l'établissement de S. Domingos et ses dépendances peut s'évaluer au chiffre approximatif de £ 560 :000 sterling.
La direction générale de l'Entreprise a son siège à Londres, 87, Cannon Street. Le débouché des minerais a lieu presque totalement en Angleterre. On en a cependant initié la consommation, quoique jusqu'à présent sur une petite échelle, pour les fabrications de produits chimiques à Lisbonne et ailleurs.
Le directeur-gérant est M. James Mason, créé successivement Commandeur de l'Ordre du Christ, Baron de Pomarão et Vicomte Mason de S. Domingos par le gouvernement portugais, et dernièrement encore nommé Commandeur de l'Ordre de Charles III par le gouvernement Espagnol.
L'administration commerciale de l'entreprise en Angleterre, non moins importante que l'exploitation habile et énergique de la mine en Portugal, a dévolu sur le beau-frère de M. le Vicomte de S. Domingos, M. F. T. Barry, élevé par le gouvernement portugais, à la dignité de Commandeur de l'Ordre du Christ et promu par décret du 22 Novembre 1876, au titre de Baron de Barry.
Puisse leur exemple éveiller l'émulation des capitalistes portugais et les porter à développer les ressources si abondantes et si variées que leur offre le pays, au plus grand bénéfice d'eux-mêmes et de l'industrie nationale et pour que la paix intérieure, le travail persévérant et l'application intelligente des capitaux, puissent rendre au Portugal le rang qu'il a occupé jadis parmi les puissances de l'Europe.
Mine de S. Domingos, le 5 mars 1878.

Imagem: