- Biografia
- Assento de Nascimento
- Assento de Casamento
- Assento de Óbito
Manuel Simão da Palma chegou à localidade com três anos de idade e de lá já não saiu, a não ser para trabalhar “quando teve de ser”. Nas minas de São Domingos, foi carpinteiro ao serviço dos ingleses. “Arranjava as casas da empresa” num tempo de vida dura para os homens que, dia e noite, viviam debaixo da terra. “Veja lá que até as pingas de água que caiam em cima da roupa dos operários os queimava”, recorda o carpinteiro.
"Mas isso agora não é nada", adverte Manuel Palma, 88 anos. Trabalhou na mina sem nunca descer às galerias ou ao subterrâneo. "Nunca me interessou trabalhar debaixo do chão, tenho tempo de ir para debaixo do chão quando morrer. Era carpinteiro por conta da mina. Trabalhei neste casario todo que foi feito por conta da mina", diz apontando as casas em frente desde o largo principal.
A vida mudou. "A maioria das casas estão fechadas. A mina acabou e o pessoal teve que se desenrascar, há um ou outro velhote como eu, o resto desandou. Teve farmácia, hospital, bombas de gasolina e agora não tem nada. O médico esteve de férias e há quase um mês que não vem."
Manuel chegou à localidade aos 11 anos, entrou para a mina com 18 anos, esteve lá 36, muito tempo depois de ter sido desativada. Sete filhos, entre os 40 e 60 anos, só três permanecem com ele na aldeia, dois estão na Suíça, um em Lisboa e um em Vendas Novas. Visitam a terra nas férias e nas festas. "Olhe que isto no domingo de Páscoa parecia a baixa de Lisboa, com tanto carro e pessoas". (Diário de Noticias-2016)