Biografia
0 julgamento de um dinamitista (Ano de 1887)
SEGUNDO DISTRICTO CRIMINAL
Audiência de jury
Juiz presidente—dr. Firmino João Lopes.
Como os nossos leitores estarão lembrados, em abril do anno passado, um taberneiro da travessa das Fontainhas, por nome José Ferreira Troncho, que vivia em companhia de Maria Amélia, sua amante, e de uma filha d’esta, occupou as attenções de toda a imprensa, praticando um crime que assombrou a cidade inteira, não só pelo que n’elle ha de perversidade, mas ainda por ser sem precedentes o processo por que o realisou.
No dia 16 de abril, pelas oito horas da manhã, uma medonha explosão alarmou os moradores da travessa das Fontainha» e ruas próximas. A casa onde se deu essa explosão era a que n’aquella travessa tinha o n.* 4 e onde morava o Troncho. Àhi os destroços foram enormes, abrindo a parede exterior do prédio uma grande fenda.
O Troncho habitava a loja; no primeiro andar vivia uma pobre velha, Joaquina Patricia. Havia mais família, todas áquella hora já tinha saído, achando-se a velha. só em casa.
Os effeitos da explosão foram violentissimos. Ficaram ferido» com mais ou menos gravidade o Troncho, a amante, » pequenita e Joaquina Patrícia.
Os visinhos correram naturalmente para o logar do sinistro, prestando soccorros aos feridos.
Começou logo a correr no sitio que fôra o Troncho quem, havendo mettido no cano d uma bota uns cartuchos de dynamite, que trouxera da mina de S. Domingos, onde fôra trabalhador, e cobrindo-o» de aparas de madeira, lhes largara depois fogo, provocando assim a explosão. Corria mais que estes factos, com excepção do fogo lançado ás aparas, se haviam dado na véspera á noite, deitando se o Troncho depois de preparada a mina de nova espécie, Diferentes pessoas, que lhe entraram em casa, foram concordes em affirmar pelo que viram, que o Troncho devia ser o auctor do horroroso crime. Foi por jsso pronunciado sem fiança, respondendo hontem no tribunal pelo crime de homicídio frustrado.
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