Richard Dick Harvey

Nome da Mãe: 
Data de Nascimento: 
1886-04-09
Local do Registo: 
Consulado de Inglaterra
Distrito / Pais (se for estrangeiro): 
Beja
Concelho: 
Mértola
Freguesia: 
Corte do Pinto
Local de Nascimento: 
Mina de São Domingos
Estado Civil: 
Casado
Nome do Cônjuge: 

Alfreda Duncan

Data do Casamento: 
1922-??-??
Local do Casamento: 
Londres
Residência - Localidade: 
Mina S.Domingos
Data de Falecimento: 
1980-??-??
Local de Falecimento: 
Connecticut
Informação Pessoal: 

Biografia

Observações: 
Residente e trabalhador na Mina entre 1916 e 1918.
Empresa: 
Mason and Barry, Ltd.
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Profissão / Categoria: 
Condutor de minas
Local de Trabalho: 
Mina S.Domingos
Notas adicionais: 

Richard, o Viajante
O filho de Frederick Harvey, Richard (conhecido como Dick), nasceu em Portugal mas foi educado em Inglaterra na Shrewsbury School e no Royal College of Science. Obteve os seus certificados mineiros depois de trabalhar noventa turnos nas minas de Carnbrea e Tincroft, entre Redruth e Camborne. Em 1906, com vinte anos, decidiu adquirir mais experiência de campo e foi para Sevilha, em Espanha. Foi aqui que a polícia o prendeu por suspeita de ele ser "o Harvey anarquista", mas libertou-o pouco depois com um pedido de desculpas. Seguiram-se outros trabalhos numa grande jazida de cobre parcialmente explorada no Chile (1907), como ensaiador para a CapeCopper Company em Namaqualand, 300 milhas a norte da Cidade do Cabo (1909), e como engenheiro de minas para a Tavoy Tungsten Company na Birmânia (1913). Regressado a Inglaterra no início da Grande Guerra, em 1914, Dick entrou para a Mason & Barry Pyrites no ano seguinte como superintendente de exploração subterrânea em São Domingos, onde o seu pai e o seu tio Louis tinham trabalhado e onde ele tinha nascido. Quatro anos mais tarde, foi para o México trabalhar para a Mazapil Copper, 160 quilómetros a sudoeste de Monterrey. Foi no seu regresso, em viagem de luxo a bordo do RMS Mauritania, que Dick conheceu a sua futura mulher, uma americana de Filadélfia, Alfreda Duncan (conhecida por Teddy). Entre os convidados do seu casamento em Londres, encontrava-se o seu primo William Pellew-Harvey, com quem, uma década mais tarde, estava destinado a trabalhar.
A carreira mineira notavelmente itinerante de Dick continuou sem qualquer pausa. Passou cinco anos desconfortáveis a trabalhar para a Jantar Tin, perto de Jos, no centro da Nigéria, vivendo "num par de cabanas de lama geminadas". Ele e Teddy regressaram a Inglaterra em 1926, coincidindo com a Greve Geral. Dick tornou-se polícia auxiliar e o seu jovem primo Edward Pellew-Harvey, o filho mais novo de William, conduziu um autocarro em Londres durante toda a greve. Depois da Nigéria, Dick levou Teddy e os seus filhos de volta para Portugal, onde se tornou gerente da fábrica de conservas Lagares, perto de Viseu, no norte do país. A morte do tio Charles Harvey em Buckingham House, em 1930 (de quem Dick, como testamenteiro, recebeu um belo legado), e a crise que se seguiu ao crash de Wall Street no ano anterior, provocaram o seu regresso a Londres. Em 1933, Dick juntou-se à firma de consultores mineiros do seu primo William e, durante os quatro anos seguintes, realizou projectos para eles na Costa do Ouro/Gana, África Ocidental (1933-34), Rodésia do Sul/Zimbabwe (1935), Colômbia (1935-36) e Egipto (1937). Hoje é difícil imaginar as dificuldades que Dick deve ter enfrentado nas suas viagens. Para chegar às minas de ouro de Viborita, em Amalfi, na Colômbia, teve de ir de barco a vapor até à Jamaica, num batelão até Barranquilla, na costa, 400 milhas de comboio até Medellin e, finalmente, percorrer com mulas 70 milhas de trilhos de montanha até Amalfi, no rio Porce. No início da Segunda Guerra Mundial, em 1939, Dick, que durante 18 meses tinha estado a gerir uma pedreira de ardósia insolvente perto do Porto para os liquidatários, viu-se ali retido com a sua família, sem poder regressar a Inglaterra. Os navios no Golfo da Biscaia eram afundados por submarinos alemães, a ofensiva alemã contra a França era ameaçadora e o General Franco tinha fechado as fronteiras de Espanha enquanto a guerra civil se desenrolava. Finalmente, em fevereiro de 1940, a família conseguiu atravessar a Espanha na condição de refugiados, num comboio selado, atravessou a fronteira francesa e, depois de muitas demoras, chegou a Calais, repleta de soldados e marinheiros, para embarcar num ferry-boat completamente lotado. Depois de se desviarem de algumas minas flutuantes durante a travessia
chegaram a Londres em segurança. As bombas chegaram mais tarde. Apesar da pressão dos familiares de Teddy para que a família se juntasse a eles na América "antes da derrota e ocupação inevitáveis da Grã-Bretanha", a família permaneceu em
Inglaterra. De facto, permaneceram em Inglaterra até 1964. Nesse ano, o seu filho Richard emigrou para a Austrália e Dick e Teddy foram viver para perto da sua filha Margaret e do seu marido americano Donal McDonnell, em Connecticut. Nesse local, 16 anos mais tarde, morreram com oito meses de diferença; Dick tinha 94 anos e Teddy 87.(Extracto biográfico em Uma herança da Cornualha de John Gore)