Na mina de cobre de S. Domingos houve grande desordem

Ano: 
1865
Descrição: 

Na mina de cobre de S. Domingos houve grande desordem. Alguns contratistas da extração do mineral tendo acabado os seus trabalhos pedirão ao chefe D. Lucas que fosse medidos afim de pagar o que de direito lhes pertencesse. O chefe recusou ao principio; receiando todavia provocar sedição, prestou-se a condescender, fazendo-se acompanhar por quatro guardas e dous Inglezes na direcção do túnel. Era seguido por perto de 200 operarios que instavam para que lhes pagassem.

Chegados ao tunnel D. Lucas oppoz-se a que a chusma estrasse com elle na mina,e designou quatro contratistas para assistirem a mediação. Os trabalhadores recusarão o alvitre, e quizerão forçar a entrada. Os dois ingleses dispararão os revolvers que levavão, e ferirão alguns individuos. Os tiros exasperarão a multidão, que então ascendia a 400 pessoas, e D. Lucas apenas teve tempo de refugiar se em uma casa para escapar á morte.

Os amotinados ião lançar fogo á casa quando D. Lucas se apresentou promptificando-se a pagar tudo o que quizessem. Mata, mata, erão as vozes que circumlavão em torno. Recebeu o chefe varias pauladas e pedradas, que o lançarão por terra. Teria succumbido se um dos cabeças de motim não o salva-se, oppondo se energicamente ás aggressões da multidão. D. Lucas foi conduzido ao hospital. Depois de curado levára-o ao escriptorio, onde distribuio 237 libras aos operarios. Quando estes sahirão encaminharão-se no tunnel em demanda dos dous Inglezes que dispararão os revolvers, mas não os encontrardo. Depois tudo ficou em socego, e os homens reaseumirão os seus trabalhos. O administrador do concelho de Mértola, apenas soube do occorrido, requisitou força armada de Beja e de Vila-Real de Santo Antonio.

A 13 chegarão a S. Domingos 100 homens de infantaria n. 17 100 homens de caidores n. 4, vindo estes últimos rio acima pelo Guadiana n'um barco a vapor.
As autoridades prenderão logo dez dos cabeças de motim e procede o summario contra os implicados.