Sindicato dos Operários da Industria Mineira (Antigo)

Morada da Sede: 
Bairro Alto
Data da Fundação: 
1923

ASSOCIAÇÃO DOS MINEIROS EM SÃO DOMINGOS.
Em 1924 há que referir um outro acontecimento histórico para a classe mineira do distrito de Beja: a organização da Classe Mineira em São Domingos.
Diz a esse respeito Manuel Patrício, nos seus apontamentos: Em 1923 os operários da mina de S. Domingos decidiram organizar o seu Sindicato, para isso criado um grupo com vinte e um sócios (Grupo União de onde saiu e foi criada a Comissão organizadora, (Grupo União e Progresso) com muitas dificuldades para conseguir a aprovação dos estatutos. A empresa mineira, numa das reuniões que teve com alguns dos membros da comissão organizadora, disse que os operários da Mina de São Domingos não precisavam de ser organizados, porque sempre se têm entendido muito bem com a empresa, tendo-: lhe sido respondido que, se os operários se têm entendido bem desorganizados, organizados se entenderiam bem melhor. Os estatutos foram entregues ao Governo para aprovação em Janeiro de 1924 e em Fevereiro rebentou uma bexinina (como a classificou o advogado dos mineiros) no telhado do [director da mina] partindo meia dúzia de telhas, que serviu de pretexto para prenderem meia dúzia dos operários mais activos. Em virtude da intervenção do ' deputado Sá Pereira, só estiveram presos 18 dias, tendo sido grande a manifestação feita no seu regresso, com estalar de foguetes e morteiros, indo estalar alguns por cima do telhado do director, que foi classificado de bombista, porque deveria ter sido ele a lançar o explosivo [no telhado] para impedir a aprovação dos estatutos do sindicato. No entanto, os estatutos foram aprovados por Diploma publicado no Diário do Governo de 1 de Maio de 1924.
SINDICATO DA MINA-INAUGURAÇÃO OFICIAL JUNHO 1924
MINA DE SÃO DOMINGOS, 25.

— inaugurou-se no dia 22 do corrente a Associação de Classe dos Mineiros de São Domingos. Ao acto compareceram para cima de mil pessoas. A filarmónica da vizinha vila de Mértola, percorreu algumas ruas sempre acompanhada por grande parte do povo.
À sessão inaugural presidiu o deputado Sá Pereira, regozijando-se pelo facto dos operários de São Domingos, pretenderam organizar-se, manifestado o desejo de todos os operários, ingressarem no seu baluarte de defesa, única maneira de conseguirem a sua emancipação. Valentim João, secretário geral do sindicato, refere-se gratamente a todos que têm dado o seu esfôrço para criação, do sindicato; lamenta as injustiças praticadas nos últimos tempos e em especial aquelas exercidas na Mina de São Domingos.
Francisco Viana, delegado da C. G. T. manifesta o seu regozijo em nome do proletariado organizado, pela criação do novo sindicato, cujos frutos poderão utilizar os operários se êstes souberem fazer prevalecer os seus direitos.
Augusto Machado, delegado dos Mineiros de Aljustrel, afirma a vitalidade da sua organização e incita os mineiros de São Domingos a fortalecerem-se, no seu baluarte, desejando que ele não seja desamparado pelas investidas patronais.
António Marques Gaisinha, delegado dos rurais de Serpa apresenta uma saudação.aos mineiros. Gonçalves Correia, que fala durante 2 horas, demonstra a necessidade da associação, crítica os tímidos, recorda os mártires da causa emancipadora do povo, censura os ilustrados» burgueses, cúmplices dos maiores crimes e abraça fraternalmente todos os indivíduos úteis à humanidade, disserta sôbre o amor e a solidariedade.
Manuel Cândido, professor oficial saúda os operários e bem assim todos que se prestaram para abrilhantar o acto inaugural da associação dos mineiros, põe em evidência os motivos porque o gerente da mina o odeia e persegue, apontando a razão das suas justas campanhas, e as injustiças praticadas por esse individuo, chamando a atenção do sr. Sá Pereira e do delegado do C. G. T. Discorda em parte com a acção da C. G. T. pois que esta devia levar ao parlamento delegados seus.
Francisco Viana usa novamente da palavra para refutar o orador afirmando ser a G. G. T. anti-parlamentarista por saber afirmar-se na verdade e na justiça e haver na organização sindicalista tudo quanto é preciso para remodelar a sociedade desde que se criem todos os seus órgãos. Refere-se às perseguições de A Batalha. O secretário geral do sindicato lê uma moção sobre A Batalha, o que o presidente põe à aprovação, sendo esta aprovada por aclamação, em seguida é encerrada a sessão, tendo manifestado o seu regozijo pela maneira como decorreu o acto inaugural. Foram levantados vivas à organização operaria, à C. G. T. e à Batalha

Nº de Sócios / Beneficiários: 
https://cemsd.pt/node/5668
Alvará: 
1924-04-28